FILMES NOTA 09
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- DirectorBernardo BertolucciStarsMichael PittLouis GarrelEva GreenA young American studying in Paris in 1968 strikes up a friendship with a French brother and sister. Set against the background of the '68 Paris student riots."Os Sonhadores" confunde-se com a história da cinefilia. Pois aqueles garotos a que se refere Bernardo Bertolucci são os fanáticos que não saíam da Cinemateca Francesa, que almoçavam e jantavam cinema e para quem a vida se confundia com um sonho em fotogramas. Pode-se pensar que maio de 68 foi a realização desses sonhos - o filme leva a pensar nessa possibilidade. Mas pode-se pensar, igualmente, que essa irrupção violenta do mundo real de certa forma pôs fim a essa era de ouro do olhar cinematográfico? Mais de 40 anos depois, ainda não se sabe direito se aquilo foi o inicio de alguma coisa ou, apenas, o fim." (* Inácio Araujo *)
''Em "Os Sonhadores" há duas míticas superpostas. A primeira, da cinefilia parisiense. A segunda, a de Maio de 68. Cinéfilos são esses malucos que passam o dia vendo filmes. Formam uma espécie de comunidade meio à parte do mundo. Reza a lenda que Maio de 68 começou na Cinemateca Francesa, quando o ministro da Cultura André Malraux decidiu demitir Henri Langlois, o fundador da instituição. Houve greve de cineastas, a cinemateca fechou. Resumindo: como em Paris não há coisa mais séria que o cinema, Malraux enfiou a viola no saco e Langlois voltou à Cinemateca. É nessa crise que o estudante americano Matthew conhece Isabelle, ou Eva Green, que promete ser o rosto mais sublime do cinema na próxima década. Ela está acompanhada do irmão, Theo. Ambos são cinéfilos doentes. Com a cinemateca fechada, nada ocorre aos irmãos exceto retirar Matthew de sua pensão e levá-lo ao apartamento em que vivem. E, como não há filmes na cinemateca, nada lhes resta senão começar a viver. É o aspecto mais intrigante deste filme: essa capacidade do cinema de substituir a vida, ao mesmo tempo em que cria modelos para a vida imitar. Só porque não há filmes, os três se entregam a uma intensa amizade, em que o caráter incestuoso da ligação dos irmãos (mais do que incesto, é um caso de irmãos siameses de sexos diferentes: são dois, mas são um) e a relação com Matthew se intensificam. É o aspecto escandaloso da história. Há outro: tudo se passa sob o signo do cinema. Homenagem de Bertolucci ao Maio de 68, "Os Sonhadores" aproxima dois tipos de sonhos, os que se produzem dentro do cinema e os produzidos nas ruas. Como se ao fim perguntasse do que Maio de 68 salvou uma geração (não só os cinéfilos). Da loucura, talvez? Pode ser: logo no início as imagens que correm na tela são as do "Shock Corridor", de Samuel Fuller. E a história da juventude no pós-guerra talvez esteja condensada nessa passagem da insânia reprimida nos hospícios à sanidade libertária obtida nas ruas. Ao final, "Os Sonhadores" chega tão embebido em mitos que já não sabemos se vemos uma mitologia (a de 68) envolta em outra (a da cinefilia) ou se é o fantasma insepulto de um velho cinema que reaparece, mais ou menos como Drácula, essa carcaça morta a que só a imagem dá vida." (** Inácio Araujo **)
''Segundo a lógica cruel dos modismos cinematográficos, Bernardo Bertolucci está em baixa. Seus filmes recentes já não desfrutam o prestígio dos grandes prêmios, não caem nas graças da crítica e tampouco colhem os louros do mercado. A trajetória quase inócua de "Os Sonhadores" é um bom exemplo desse limbo em que Bertolucci caiu, e que também afetou, de maneira cruel, o anterior "Assédio" (1998). "Os Sonhadores" foi exibido pela primeira vez no Festival de Veneza do ano passado, fora de competição. As primeiras reações o rotularam de ingênuo, risível e até mesmo de reacionário. O lançamento nos Estados Unidos, no fim do ano passado, limitou-se a uma só polêmica: se a distribuidora deveria ou não cortar os nus frontais masculinos para que o filme pudesse receber uma classificação indicativa menos rigorosa (não cortou mas também não investiu um tostão no seu lançamento). Pouco depois, o filme caiu em um amargo esquecimento. É difícil encontrar razões para tanto desprezo. Talvez elas estejam no fato de Bertolucci ter optado por situar seu filme em maio de 68 em Paris, uma época de difícil aproximação, por ainda estar cercada de afetos e de mitos. Opção ainda mais arriscada, talvez, tenha sido a de evitar uma abordagem mais óbvia, que fosse submissa aos ditames do cinema político tradicional. Se maio de 1968 sugeria o épico, Bertolucci optou pelo filme de câmara; se sugeria uma juventude militante e obstinada, ele preferiu mostrar jovens que se mantiveram à distância desse perfil. Quase todo o filme se passa dentro de um amplo apartamento parisiense onde dois irmãos (Eva Green e Louis Garrel) aproveitam a ausência dos pais para praticar jogos sexuais e cinematográficos com o amigo americano (Michael Pitt), que eles conheceram há pouco na porta da Cinemateca Francesa. Como a belíssima casa romana que serviu de cenário para "Assédio", Bertolucci filma esse apartamento parisiense como um espaço do desejo. A arquitetura interna é muito mais importante do que a exterioridade, que a certa altura invade o apartamento violentamente, na forma de uma pedra que quebra a janela (já quase no fim do filme, quando os protestos nas ruas de Paris se tornaram mais violentos). Bertolucci não segue a cartilha do filme político, mas nem por isso abandona a política. Esta transparece no filme em outras formas, sobretudo carnal (o sexo), e espiritual (a literatura, o cinema e a música, que são temas de discussões inflamadas). O que Bertolucci filma, com a fluidez de um diretor amadurecido, são três jovens descobrindo imensos prazeres da vida. Entre as quatro paredes de um quarto aconchegante eles recriam momentos de filmes que são evocados literalmente, em montagem paralela, como Rainha Cristina, com Greta Garbo, ou Mouchette, de Robert Bresson. E, em um dos raros momentos que o filme escapa do apartamento, os três correm pelo museu do Louvre recriando a clássica cena de Band à Part, de Godard. Detalhes que fazem de "Os Sonhadores", para qualquer pessoa que ama o cinema, um sonho (erótico) particularmente maravilhoso." (Pedro Butcher) - DirectorWoody AllenStarsSean PennSamantha MortonWoody AllenIn the 1930s, jazz guitarist Emmet Ray idolizes Django Reinhardt, faces gangsters and falls in love with a mute woman."Abaixo da média do diretor, acaba valendo apenas por causa da trilha e pela ótima atuação de Sean Penn." (Vlademir Lazo)
"Entre a precisa reconstituição de época e os acordes quase angelicais, temos a desconstrução do artista, do homem de ego inflado que só mesmo com uma muda poderia ver sua arrogância não ecoar - muda esta que confronta o autor e o cinema falado." (Rodrigo Cunha)
72*2000 Oscar / 57*2000 Globo - DirectorFred ZinnemannStarsVan HeflinRobert RyanJanet LeighAn embittered, vengeful POW stalks his former commanding officer who betrayed his men's planned escape attempt from a Nazi prison camp.ATO DE VIOLÊNCIA
- DirectorClyde BruckmanBuster KeatonStarsBuster KeatonMarion MackGlen CavenderAfter being rejected by the Confederate military, not realizing it was due to his crucial civilian role, an engineer must single-handedly recapture his beloved locomotive after it is seized by Union spies and return it through enemy lines."Um domingo de fantasia supõe a visão de "A General". Ali, Buster Keaton precisa demonstra que pode algo a alguma garota. No caso, estamos na Guerra de Secessão e ele foi tido como napto para dirigir locomotivas. Desse estigma que tenta se libertar. Vai entrar na guerra, lançar-se numa perseguição etc. Mas os objetivos se voltarão cheios de humor contra ele. Keaton é um obstinado - sempre. A cada nova investida do mundo, responderá, sempre solitário, sempre com imaginação. Pura alegria para crianças, educação dos sentidos para os adultos e ensino de cinema para os cinéfilos." (* Inácio Araujo*)
"O mudo "A General" está num horário bom para quem chega da balada. Pouca gente (menos do que deveria, em todo o caso)conhece o humor de Buster Keaton, feito de gestos exatos e tensões milimétricas. Bem como da composição de um personagem (o homem que nunca ria) voltado rigorosamente a um objetivo e que, ao contrário de seus confrades comediantes, raciocina e faz tudo certo. Se não funciona, é outra história: é ai que entra o riso." (** Inácio Araujo **)
"Por que cinema é tantas vezes tomado como mero entretenimento e negado como arte? Uma das razões é que, quanto mais bem-sucedido o filme, mais simples parece. Mas não é assim com poemas de Drummond? À primeira e incauta vista podem parecer até bobos, de tão claros. Mas o que dizer da arte de Buster Keaton? Não estará em "A General", encoberto sob a forma inocente de comédia, um olhar sobre o homem e seu mundo? Sobre o caráter estoico? Sobre um mundo que se volta contra nós mesmo se fazemos tudo direitinho -como, aliás, faz Buster?" (*** Inácio Araujo ***)
Por que cinema é tantas vezes tomado como mero entretenimento e negado como arte? Uma das razões é que, quanto mais bem-sucedido o filme, mais simples parece. Mas não é assim com poemas de Drummond? À primeira e incauta vista podem parecer até bobos, de tão claros. Mas o que dizer da arte de Buster Keaton? Não estará em "A General", encoberto sob a forma inocente de comédia, um olhar sobre o homem e seu mundo? Sobre o caráter estoico? Sobre um mundo que se volta contra nós mesmo se fazemos tudo direitinho - como, aliás, faz Buster?" (**** Inácio Araujo ****)
''Em comemoração aos 90 anos do clássico "A General", de Clyde Bruckman e Buster Keaton, o longa será exibido de graça, na área externa do Auditório Ibirapuera, no dia 2 de novembro, dia de encerramento do festival.Produzido em 1926, o filme conta a história de Johnny Gray (Keaton), um maquinista orgulhoso de sua locomotiva, a General, e apaixonado pela jovem Annabelle Lee (Marion Mack). Quando se inicia a Guerra Civil americana, em 1861, o pai e o irmão de Annabelle prontamente decidem se alistar no Exército para defender os Estados do Sul dos EUA. Incentivado pela namorada, Gray também tenta se alistar, mas é recusado como soldado e aceito apenas como engenheiro de linha férrea. Isso faz com que a moça pense que Johnny é um covarde e se recuse a sair com ele. Quando espiões da União (os Estados do Norte do país), decidem sequestrar a locomotiva e, por acidente, também levam Annabelle, Johnny inicia uma caçada para recuperar seus dois grandes amores e mostrar à moça que é, sim, corajoso. Em uma perseguição épica, cheia de reviravoltas e de cenas emblemáticas na carreira de Keaton, o rapaz recupera a General e Annabelle e ainda tem a chance de ajudar os Estados no Sul na guerra. A exibição do filme, em versão restaurada, terá o acompanhamento musical da Orquestra Heliópolis, com regência do maestro e compositor americano Robert Israel. O maestro, que já havia composto uma trilha sonora para o longa em 1995, criou um novo acompanhamento, que será executado pela primeira vez no evento." (Carlos Carvalho)
Top 250#119 - DirectorLuis BuñuelStarsFernando ReyDelphine SeyrigPaul FrankeurA surreal, virtually plotless series of dreams centered around six middle-class people and their consistently interrupted attempts to have a meal together."Praticamente uma refilmagem de 'O Anjo Exterminador'; continua porém inferior ao original em alguns pontos, pois o diretor foi mais universal no primeiro filme." (Demetrius Caesar)
45*1973 Oscar / 30*1973 Globo - DirectorJames CameronStarsLeonardo DiCaprioKate WinsletBilly ZaneA seventeen-year-old aristocrat falls in love with a kind but poor artist aboard the luxurious, ill-fated R.M.S. Titanic."De tempos em tempos é preciso voltar a "Titanic".É um dos filmes mais inteligentes do cinema contempôraneo nos EUA. Ali se narra a história do navio que, pouco antes da Primeira Guerra, afundou em sua primeira viagem. Não é uma história fútil. É o conto de um mundo feliz e autoconfiante ao extremo. É o mundo da belle époque que ali se retrata. Mas estaria longe do mundo da virada do século, depois do triunfo do neoliberalismo? O tempo mostrou que certeza e triunfo absolutos não existem e que toda segurança é frívola: 2008 chegou, com sua crise, para mostrar o que 2011 está confirmando." (* Inácio Araujo *)
''Um sucesso do tamanho de "Titanic" não acontece por acaso, nem depende apenas da competência de sua realização. Sempre existe algo exterior que o motiva. É fantástico o que ocorre com o filme de James Cameron. Foi feito em 1997. Trata, de certo modo, da arrogância do homem, da crença de que pode criar o indestrutível. Não é um espetáculo alegre um naufrágio. Sua história romântica é, por assim dizer, uma catástrofe tão grande quanto o próprio naufrágio - embora enuncie o tema do amor que sobrevive à morte. O mundo, em 1997, vivia em euforia. Mais ou menos como na época do naufrágio. Por que, então, multidões acorreram para ver essa história? Talvez porque pudéssemos adivinhar que depois da bonança vem a tempestade. Ela viria, na forma de crise gigantesca, em 2008.'' (** Inácio Araujo **)
"Titanic"é o filme da incerteza na certeza. Não era o navio que jamais afundaria? Pois bem, ei-lo em sua primeira viagem, naufragando. E o filme? Parece que só o diretor James Cameron tinha certeza do que fazia: o estúdio lutava contra gastos. Não imaginava que seria um sucesso. Era um tempo de certezas: talvez só Cameron intuísse o iceberg que viria em 2008.'' (*** Inácio Araujo ***)
"Ficção real que me comoveu." (Josiane K)
"James Cameron erra apenas na indelicadeza de certas passagens do roteiro. Fora isso, Titanic é belíssimo em todos os aspectos. Uma produção grandiosa e emocionante que fantasia com charme uma história tristemente real. Um clássico do romance." (Emilio Franco Jr)
"James Cameron é realmente um fenômeno com efeitos visuais e este 'Titanic' é prova disso. James Cameron precisa de ajuda com roteiros e este 'Titanic' é prova disso." (Welinton Vicente)
"Só de lembrar da canção tema já me dá uma sensação ruim, mas este é inegavelmente uma grande filme, em todos os sentidos." (Juliano Mion)
"Sim, há uns probleminhas de roteiro e algum excesso na dose de romance. Mas quem liga para isso quando se trata de um dos filmes mais poderosos do mundo? Alguns se importam; eu não." (Heitor Romero)
70*1998 Oscar / 55*1998 Globo / 1998 César - DirectorAlfred HitchcockStarsCary GrantEva Marie SaintJames MasonA New York City advertising executive goes on the run after being mistaken for a government agent by a group of foreign spies, and falls for a woman whose loyalties he begins to doubt."O que seria de "Intriga Internacional" com James Stwart no lugar de Cary Grant? Hitchcock nunca teve dúvidas: o filme era para Cary. Mas Stwart fez a pressão para ficar com o papel, e Hitchcock não tinha a intenção de ferir um de seus atores preferidos. A coisa chegou ao ponto de Stwart ligar para avisar que não poderia mais enrolar a Columbia, que o escalara para Sortilégio de Amor. O mestre engatou a resposta: Bem, Jimmy, eu é que saio perdendo. Acho que teremos de procurar algum outro. Hitchcock já previa que a fantástica história de perseguição e espionagem ficaria perfeita com Cary Grant." (* Inácio Araujo *)
"O filme é bastante ingênuo em algumas situações no início e demora um pouco a engrenar. Mas Hitchcok prende o espectador de maneira magistral através de sequências impecáveis, um roteiro bem amarrado e o carisma de Grant. Toda a cena do avião é magistral." (Silvio Pilau)
32*1960 Oscar
Top 250#37 - DirectorTodd PhillipsStarsZach GalifianakisBradley CooperJustin BarthaThree buddies wake up from a bachelor party in Las Vegas, with no memory of the previous night and the bachelor missing. They make their way around the city in order to find their friend before his wedding."Se Beber não Case" é outro belo exemplo de comédia hollywoodana. Basta destacar Mike Tyson, que faz uma preciosa participação como ele mesmo e que é zombado por ter ido em cana (e sofreu a beça lá, sabe-se). Uma ousadia impensável, por exemplo, nas comédias chochas da Globofilmes." (Paulo Santos Lima)
"Mesmo sem a cara de novidade de Superbad e Ligeiramente Grávidos (é inferior a ambos), a diversão proporcionada por esta ressaca é inegável, uma das melhores comédias de seu ano." (Alexandre Koball)
"Uma das mais engraçadas comédias dos últimos tempos - e olha que o gênero está em um nível altíssimo de um tempo para cá." (Rodrigo Cunha) "A melhor comédia do ano? Menos, bem menos..." (Régis Trigo)
"Em termos de comédia, não há o que reclamar. O filme utiliza o absurdo e o nonsense de forma inteligente, com ótimos diálogos e personagens carismáticos. Praticamente toda situação consegue gerar risadas. Talvez a melhor comédia da década." (Silvio Pilau)
"Uma comédia muito acima da média. "Se Beber, Não Case" possui o roteiro mais original do ano entre os filmes lançados até agora, uma trilha sonora perfeita para sua trama e a direção segura de Todd Phillips." (Emilio Franco Jr)
"Uma comédia muito acima da média. "Se Beber, Não Case" possui o roteiro mais original do ano entre os filmes lançados até agora, uma trilha sonora perfeita para sua trama e a direção segura de Todd Phillips." (Welinton Vicente)
"A inventividade proposta por seu roteiro só é capaz de arquitetar risadas limitadas, promovidas por um humor infinitamente inferior ao que os rótulos de grandeza empregados propunham. Medíocre, entre outras coisas." (Junior Souza)
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''Hoje é o caso de tomar um porre para esquecer as lamentáveis e argentárias sequências de "Se Beber, Não Case!" e voltar aos achados do filme original. Ali, aliás, o esquecimento joga um papel central, pois o grupo que vai a Las Vegas para uma despedida de solteiro entra numa de tomar uns comprimidos que acabam por fazê-los esquecer tudo o que aconteceu na noite passada. A começar que não sabem onde foi parar o noivo. Todo o filme de Todd Phillips gira, assim, em torno da necessidade de reconstituir os bizarros acontecimentos da noite passada, de modo a encontrar o noivo em tempo de levá-lo ao casamento. Levado com calma e sabedoria, esse jogo de ocultação e descoberta foi um dos melhores momentos da comédia americana recente (2009). As sequências são só um pesadelo parasitário." (* Inácio Araujo *)
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''Uma questão: por que será que alguém, depois do belo achado que foi "Se Beber, Não Case!", terá tido a ideia de fazer continuações? Simples: porque o público reage àquilo que lhe é familiar. Quem viu o primeiro tende a ver o próximo. Quem não viu, mas ouviu falar, aproveita e vai ao segundo. Em Se Beber, a trama trata de um grupo de amigos em uma despedida de solteiro em que o noivo desaparece. O achado: narrar a história a partir da perda de memória dos demais. Tudo gira em torno desse hiato de tempo em que coisas se passaram e do incômodo passado que ressurge, com humor, ao ser resgatado.'' (** Inácio Araujo **)
67*2010 Globo - DirectorChristophe HonoréStarsLouis GarrelLéa SeydouxGrégoire Leprince-RinguetCute Junie starts at her cousin Matthias' high school and class after her mom's death. She meets his friends. The boys want to date her - even her handsome, young Italian teacher."Talvez ninguém mais leia A Princesa de Cléves (talvez ninguém mais leia, ponto). e ainda sim o livro de Mme. de Lafayete rendeu dois belos filmes recentemente: A Carta, de Manoel de Oliveira, e este "A Bela Junie". Neste filme de Christophe Honoré faz-se uma adaptação ao presente. Não temos mais a corte, mas o colégio. Não há mais a moral como referência, no entanto a belíssima Junie (Léa Seydoux) namora um colega e arde de amor pelo não menos belo professor, Louis Garrel. Existe um quê forçado em certas soluções que talvez não condigam muito com o nosso tempo de poucos interdidos. No entanto, algo de importante subsiste: o louco amor posto acima de tudo." (* Inácio Araujo *)
"A temporalidade do amor, longe do idealismo de comédias juvenis americanas. Honoré não cai em clichês e lugares-comuns e, ainda que deslize em soluções apressadas, sua câmera prefere captar sentimentos e olhares que muito dizem. Seydoux é apaixonante." (Silvio Pilau)
"Fugi um pouco de "A Bela Junie". Achava difícil fazer uma adaptação de Mme. de Cléves à altura da que Manoel de Olliveira fez em A Carta. O filme de Christophe Honoré me surpreendeu em vários aspectos, em outros nem tanto. Nem tanto: 1) os atores - Tanto Louis Garrel, como a menina (que parece Anna Karina!) e o restante do elenco estão excelentes. 2) Paris - Faz muito tempo que os franceses parecem ter perdido o prazer de filmar Paris. C.H. filma como os caras da Nouvelle Vague, com aquele sentimento de descoberta, de novidade, todo o tempo. Surpreendeu a adaptação. Transportar a corte para um colégio de região chique foi uma maneira de se distanciar do original, sem se distanciar excessivamente. Na verdade, toda a adaptação parece uma sanfona, ora cola no texto, ora se afasta ostensivamente. Conserva-se o nome de Nemours para o amante, por exemplo, mas Otto não tem nada a ver, nem Junie, até onde me lembro, em todo caso. Nos anos de escola os adolescentes têm, praticamente, a mesma idade das pessoas da corte do séc. 17 (ou 16?) e, sobretudo, a mesma disponibilidade para a paixão. Tudo é tremendamente sensual no filme. Inclusive a introdução do tema da homossexualidade desta vez está muito a propósito. Sobretudo, me parece que os personagens têm essa grandeza nos gestos que caracteriza os personagens de Mme. de La Fayette. É um filme tremendamente moral. É, ainda, uma livre adaptação, e a ênfase pode bem ir para livre. "A Bela Junie” me parece um exercício de liberdade." (** Inácio Araujo **)
''No clássico romance de Mme. de La Fayette, tudo é questão de um amor proibido. Como refazer hoje A Princesa de Clèves? Bem, Manoel de Oliveira deu uma bela resposta a essa questão (em A Cart). Christophe Honoré busca outro caminho em "A Bela Junie". No mundo contemporâneo, isento de interditos, eles só existem quando nós mesmos os construímos. Isso é o que faz Junie (Léa Seydoux), a de fato bela adolescente que, após mudar de escola, começa a namorar um colega. Mas, pouco depois, descobre que seu grande amor, o amor de sua vida, seria o seu professor de italiano. Mas Junie cria ela própria obstáculos ao amor. Talvez porque toda proibição verdadeira parte de nós mesmos." (*** Inácio Araujo ***)
2009 César - DirectorMartin ScorseseStarsWillem DafoeHarvey KeitelBarbara HersheyThe life of Jesus Christ, his journey through life as he faces the struggles all humans do, and his final temptation on the cross."A Último Tentação de Cristo", um grande filme do diretor americano Martin Scorsese que a hierarquia da catolicidade não soube ver (e, pior, censurou)." (* Inácio Araujo *)
"Talvez não seja o filme apropriado para esta época, ao menos os mais católicos verão a coisa assim, mas "A Última Tentação de Cristo" agradará a maioria dos cinéfilos. Na época (1988), a Igreja Católica boicotou o filme, que viu como uma espécie de desrespeito e heresia. Como sempre nesses casos, uma interpretação mesquinha das coisas, embora seja verdade que a vida de Cristo aqui se torna dramática, cheia de dúvidas e, o que é melhor (ou pior, conforme se veja), de desejo. Pois é de um ser dual, homem e Deus, que sofre duas vezes, que Martin Scorsese está tratando neste que é um de seus mais belos filmes." (** Inácio Araujo **)
61*1989 Oscar / 46*1989 Globo - DirectorWim WendersStarsHarry Dean StantonNastassja KinskiDean StockwellTravis Henderson, an aimless drifter who has been missing for four years, wanders out of the desert and must reconnect with society, himself, his life, and his family."Se a experiência americana de Wim Wenders tivesse começado por "Paris, Texas", é quase certo que teria sido mais fértil para ele. Pois é a cara do melhor Wenders. Para começar, existe um homem e um deserto. Um errante. E depois, quando é recolhido, começa a se manifestar seu passado. Mas a situação é de alguém em busca de um sentido e de uns tantos afetos que deixou pelo caminho. Não é por nada que Wenders marcou tão profundamente o cinema independente americano: até hoje parece empenhado em, basicamente, refazer "Paris, Texas"." (* Inácio Araujo *)
"Um complexo retrato do que é formar uma família e a missão ainda mais difícil: mantê-la ao longo dos anos." (Rodrigo Cunha)
42*1985 Globo / 1984 Palma de Cannes / 1985 César - DirectorJoseph L. MankiewiczStarsBette DavisAnne BaxterGeorge SandersA seemingly timid but secretly ruthless ingénue insinuates herself into the lives of an aging Broadway star and her circle of theater friends."Talvez Clint Eastwood quisesse falar menos do mundo do que boxe que deste, dos atores, quando fez Menina de Ouro. O ator é a mistura de doçura e violência quase infinitos, que se pode ver em "A Malvada". Ali vemos a jovem candidata a atriz aproximar-se da outra, a estrela, a famosa, com todos os afagos e agrados que fazem bem a qualquer um, especialmente a alguém que sabe o quanto pode ser frágil a fama. Os retratos bem compostos por Bette davis (a estrela) e Anne Baxter (a candidata) se completam por uma figura discreta, mas talvez a mais marcante história: a camareira, que a tudo assiste e, ao contrário de nós, tudo sabe: esse filme ele já viu e reviu." (* Inácio Araujo *)
"Eve é uma jovem candidata a atriz (Anne Baxter) que se aproxima da célebre diva Margo Channing (Bette Davis). Não é fingida, a sua admiração. É tão vasta quanto sua ingenuidade. Estamos no começo do clássico "A Malvada'', de Joseph L. Mankiewicz. A jovem atriz mudará ao longo da trama. E um dos aspectos centrais dessa transformação será o desejo de tomar o lugar daquela que tanto admira. Existe um processo de identificação aí, disso não há dúvida. "A Malvada" leva a questionar até que ponto o trabalho de atriz não faz com que Eve aprenda a fazer da jovem ingênua um papel, enquanto aspira ao papel de Margo, ou seja, de diva. É desse tipo de duplicação, afinal, que se fez o filme "Jogo de Cena", de Eduardo Coutinho: um "A Malvada" atualizado." (** Inácio Araujo **)
"Da seção 'os filmes mais influentes da história'." (David Campos)
"Um daqueles trabalhos raros em que não existe absolutamente nenhum defeito. Cada nome envolvido no projeto deu o melhor de si e por isso A Malvada é um dos melhores filmes de todos os tempos. A pontinha de Marilyn Monroe é a cereja do bolo." (Heitor Romero)
23*1951 Oscar / 08*1951 Globo / 1950 Palma de Cannes
Top 250#84 - DirectorJoseph L. MankiewiczStarsLaurence OlivierMichael CaineAlec CawthorneA man who loves games and theater invites his wife's lover to meet him, setting up a battle of wits with potentially deadly results."Se não houvesse outras, "Trama Diabólica" seria a prova final de que cinema e teatro podem conviver perfeitamente, sem abdicar de sua natureza. Joseph L. Mankiewicz dirigiu ali a história de um homem apaixonado pelo teatro que convida a seu palacete o amante de sua mulher. O filme constará, basicamente, das conversas a dois escritas por Anthony Shaffer, baseado em sua própria peça, em que o marido (Laurence Olivier) prepara uma armadilha para o amante (Michael Caine). Mas talvez seja este que eateja preparando outra armadilha... Nessa luta, Mamkiewicz não tem vergonha de submeter o filme ao talento de seus atores e de seus diálogos." (* Inácio Araujo *)
"Um interessantíssimo duelo de inteligência entre Olivier e Caine, que brilham nos papéis. O texto é primoroso e nem mesmo algumas previsibilidades prejudicam o resultado. Mankiewicz merece aplausos por manter o interesse mesmo com apenas dois personagens." (Silvio Pilau)
45*1973 Oscar / 30*1973 Globo
Top 250#244 - DirectorBarry SonnenfeldStarsTommy Lee JonesWill SmithLinda FiorentinoJames, an NYC cop, is hired by Agent K of a secret government agency that monitors extraterrestrial life on Earth. Together, they must recover an item that has been stolen by an intergalactic villain."Homens de Preto" é um filme estranho, dado que a organização secreta a que pertencem os agentes é tão secreta, que a fronteira entre real, fantasia e alucinação parece não mais fazer sentido. Essa é a graça da coisa. A segunda é não levar enormemente a sério o eterno conflito homens versus aliens nem se dar excessiva importância." (* Inácio Araujo *)
70*1998 Oscar / 55*1998 Globo - DirectorJoel SchumacherStarsMichael DouglasRobert DuvallBarbara HersheyAn ordinary man frustrated with the various flaws he sees in society begins to psychotically and violently lash out against them."Um Dia de Fúria" ocorre a qualquer um de nós. Ou antes, não ocorre, mas só porque devemos nos ater aos limites estritos da realidade. Nesses casos, o cinema funciona como bela válvula de escape. O fato é que Michael Douglas está num desses dias em que tudo da errado. Ele deve ir a uma festinha na casa da ex-mulher, mas o congestionamento é terrível etc. Dai que ele larga o carro no meio da rua e sai feroz, vingando-se de tudo e de todos, duplicamndo cada violência. Pior seria se ele fosse um Cinéfilo e topasse, ao chegar em casa, com filmes como este, feito em cinemascope, reduzido ao padrão tela cheia, quer dizer, desfigurado. (* Inácio Araujo*)
''Quem já não teve seu "Dia de Fúria" pode atirar a primeira pedra no filme de Joel Schumacher. Não será fácil encontrar alguém: é das dificuldades e dores da vida numa metrópole que o filme fala. Coisas simples, como ficar preso num congestionamento quando é preciso chegar com urgência à festa da sua filha. Convém não imitar a resposta do personagem de Michael Douglas aos problemas. E, quando o filme foi feito, não havia como criar um grupo de furiosos on-line. Tinha que ser no muque.'' (** Inácio Araujo **)
"A narrativa é engraçada e fluida, ao mesmo tempo em que o exagero é o grande trunfo de sua crítica afiada." (Rodrigo Cunha)
1993 Palma de Cannes - DirectorLuchino ViscontiStarsBurt LancasterAlain DelonClaudia CardinaleThe Prince of Salina, a noble aristocrat of impeccable integrity, tries to preserve his family and class amid the tumultuous social upheavals of 1860s Sicily."Com a ascensão da burguesia após o processo de unificação italiana comandado por Garibaldi,m o príncipe de Salina (Burt Lancaster) tenta fazer valer a ideia que aprendeu com o sobrinho oportunista (Alain Delon), de que as coisas precisam mudar para permanecerem iguais. Ele apenas finge acreditar nesse conceito. Sabe, no fundo, que as coisas sempre tendem a pioras, lenta e inexoravelmente. Baseado num romance clássico de Giuseppe Tomasi di Lampedusa, "O Leopardo" é todo permeado pela desilusão, pelo cinismo e pela crítica. Em uma cena logo no início, Delon olha para a câmera, buscando a cumplicidade do público para uma de suas observações irônicas. O príncipe, por sua vez, frequenta secretamente o baixo meretrício, quando não está exibindo sua nobre classe aos familiares e burgueses. É de decadência e falsas aparências, mais uma vez, que fala o nobre Luchino Visconti (1906-1976), com uma riqueza de detalhes e entrelinhas que mal se pode resumir em palavras." (Sergio Alprendre)
{Para que as coisas permaneçam iguais é preciso que tudo mude} (ESKS)
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''Se um cineasta teve sentido do decorativo foi Luchino Visconti. O decorativo, no seu caso, não se confunde com o supérfluo: é o próprio fundamento do que se vê. E nenhum de seus filmes desenvolveu melhor a ideia que "O Leopardo". Não é de se estranhar: Visconti fala da aristocracia, do conde Salina e da decadência de um mundo no momento em que outro, o da Itália unificada, começa a surgir. Visconti conheceu bem o universo aristocrata. Ele foi de família nobre, que tinha um castelo perto do Scala de Milão, onde costumava receber maestros e solistas. Ao adaptar o livro de Lampedusa (também de família aristocrática: o conde Salina seria inspirado em seu avô), Visconti traz a muito atual divisa do conde: Para que as coisas permaneçam iguais é preciso que tudo mude.'' (* Inácio Araujo *)
"O Leopardo" tem um tanto do encanto da aristrocacia que partilha com o sentimento do crepúsculo, de algo que chega ao final. Lá está Salina, ou Burt Lancaster, no final, caminho para o escuro, sumindo, como que vendo o fim de sua missão: um mundo novo está surgindo - não é o seu. É o de Trancredi, ou Alain Delon, talvez: talvez o da revolução conservadora. Entre a euforia e o crepúsculo, entre as figuras que se desenham ao longo do baile, é talvez afigura de Luchino Visconti que podemos divisar ali. Parece claro que esse aristocrata alimenta-se, aqui, do que viu nos lugares e nas pessoas que conheceu. Mas há algo inquietante nessa sombra crepuscular: esse nobre comunista, homosexual no mais, não estaria já intuindo um outro mundo, além da aristrocacia, em que tudo mudava para que nada mudasse? O do stalinismo, talvez?'' (** Inácio Araujo **)
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''Um aspecto inquietante de rever "O Leopardo" é perceber, cena após cena, que um filme desse tipo nunca mais poderá ser feito. Estamos no século 19 na Itália. O príncipe de Salinas acompanha com melancolia o fim da supremacia aristocrática. Ao mesmo tempo, promove com entusiasmo o noivado de seu filho Tancredi com Angelica, a bela filha da burguesia. Claro, há um elenco de peso (Buret Lancaster, Alain Delon, Claudia Cardinale), produção cara. Há familiaridade de Luchino Visconti com a aristocracia. E há talento para filmar uma hora de festa e manter o espectador grudado na poltrona. Tudo isso se pode recuperar. Irrecuperável é o sentido de grandeza do cinema, como arte popular, voltada a grandes plateias e no entanto sofisticada a cada fotograma. Isso só se pode ver agora como passado.'' (*** Inácio Araujo ***)
36*1964 Oscar / 21*1964 Globo / 1963 Palma de Cannes - DirectorSteven SoderberghStarsGeorge ClooneyBrad PittJulia RobertsDanny Ocean and his ten accomplices plan to rob three Las Vegas casinos simultaneously."Em "Onze Homens e um Segredo", George Clooney lidera um plano para assaltar um grupo de cassinos de Las Vegas. Paralelamente, desenvolve-se trama para ele recuperar sua ex (Julia Roberts), hoje transando com o poderoso chefão dos cassinos, Andy Garcia. Trata-se de um filme de ação. E não lhe falta ação. Nem competência. Mas algo parece errado: ele some da memória enquanto os créditos finais ainda estão rolando. Não basta dizer que é um filme para entreter (no mais, nunca soube de alguém que quisesse fazer um filme para aborrecer o público)." (* Inácio Araujo *)
2002 César - DirectorCharles LaughtonStarsRobert MitchumShelley WintersLillian GishA self-proclaimed preacher marries a gullible widow whose young children are reluctant to tell him where their real dad hid the $10,000 he'd stolen in a robbery."O único filme dirigido pelo ator Charles Laughton pode hoje ser chamado de machista, uma vez que todas as personagens femininas, salvo a de Lillian Gish, são facilmente enganadas pelo mal. Um homem, condenado à morte por ter matado duas pessoas na fuga após um assalto, revela aos filhos pequenos onde escondeu o dinheiro, pedindo que guardassem consigo esse segredo, que não contassem nem para a mãe deles. Um falso pastor, vivido pelo genial Robert Mitchum, divide a cela com o condenado e fica sabendo do dinheiro escondido, passando a se aproximar da viúva e das crianças. Laughton constróis a narrativa sobre dualidades: ódio e amor, pecado e pureza, maturidade e infância, segredo e revelação, o mal contra o bem. É uma fábula brilhante e muito bem dirigida, com Mitchum representando um lobo bau que persegue as crianças indefesas. A presença de Gish e Mitchum e a incrível beleza das cenas noturnas são grandes triunfos, mas não impediram que esse filme estranho fosse um tremendo e injusto fracasso comercial em sua época." (SÉRGIO ALPENDRE)
Top 250#190 - DirectorFritz LangStarsBrigitte HelmAlfred AbelGustav FröhlichIn a futuristic city sharply divided between the working class and the city planners, the son of the city's mastermind falls in love with a working-class prophet who predicts the coming of a savior to mediate their differences.''Um filme com quase cem anos de idade, em preto e branco, tratado como clássico interessa quem estuda cinema ou admira a linguagem audiovisual e sua história. Essa sobrecarga de valor, contudo, tende a afugentar os que consideram que o passado fica mais bem guardado em museus e livros. Apesar disso, a impecável cópia de "Metropolis" em alta definição pode quebrar resistências, sobretudo dos que consomem filmes futuristas cheios de efeitos e gostam de saber muito sobre o gênero. Se a chamada ficção científica surge logo na origem do cinema com as fantasias de Méliès, é com "Metropolis" que o progresso torna-se negativo. Em vez de fantasia escapista, a antecipação serve para fazer críticas à política, à sociedade e à ciência. Por que a visão de "Metropolis" quase um século depois de seu lançamento ainda provoca admiração? Porque o roteiro de Thea Von Harbou engrandecido pela imaginação de Fritz Lang resulta em um filme visualmente fantástico. E porque mostra que o tempo muda, e os homens não." (Cassio Starling Carlos)
Top 250#91 - DirectorDouglas HickoxStarsVincent PriceDiana RiggIan HendryA Shakespearean actor takes poetic revenge on the critics who denied him recognition.
- DirectorRouben MamoulianStarsGreta GarboJohn GilbertIan KeithQueen Christina of Sweden is a popular monarch who is loyal to her country. However, when she falls in love with a Spanish envoy, she must choose between the throne and the man she loves."Ninguém jamais sofre do que as rainhas do cinema clássico. Porque para elas se coloca sempre a escolha entre o amor e o dever. Não é outro o destino da "Rainha Cristina", com Greta Garbo. Toda sua populariedade e o amor que o povo sueco tem por ela são colocados em questão quando se apaixona por um diplomata espanhol. Pois o que deve falar mais alto: o sentimento romântico, que está além de fronteiras, de classes sociais etc., ou a lealdade a seu povo, aos seus costumes? Isso parece fazer pouco sentido nesta época de livre escolha das parceiras. E, no entanto, o dilema, quando é Garbo quem o vive, parece tão vivo que de imediato nos engajamos nele com igual paixão." (* Inácio Araujo *)
''A estrutura e os diálogos de um filme clássico totalmente tradicional - acompanhado do charme que isso faz resultar. Garbo um tanto canastrona, mas adorável. Uma biografia competente, ainda que limitada por um roteiro ordinário." (Alexandre Koball)
"Outro grande momento de Garbo, novamente interpretando mulheres que se sacrificam em mais uma produção de alto nível na década de trinta." (Vlademir Lazo)
1934 Lion Veneza - DirectorJohn WooStarsJean-Claude Van DammeLance HenriksenYancy ButlerA woman hires a drifter as her guide through New Orleans in search of her missing father. In the process, they discover a deadly game of cat and mouse behind his disappearance."É diferente com "O Alvo", primeiro filme de John Woo nos EUA. O filme é um dos melhores momentos da carreira de Jean- Claude van Damme como o homem que investiga om desaparecimento de um homem. A diferença é que aqui a sordidez e a pancadaria rolam soltas." (* Inácio Araujo *)
"Depois de fazer fama no cinema de Hong Kong, o chinês John Woo foi para os EUA, onde estreou em 1993 com "O Alvo", estranha história sobre ricaços que, em vez de caçar animais, caçam humanos. Esses humanos são, não raro, ex-combatentes, sem família, sem ligações pessoais. Portanto seres cuja morte tende a não resultar em problema. Por azar, um desses alvos será ninguém menos que Van Damme, o herói de tantos filmes de porrada. Ele faz o seu trabalho mais marcante. Pode-se alegar que não há grande vantagem nisso, à vista da qualidade habitual de seus filmes. Aqui, no entanto, Woo coreografa as cenas de ação como um balé, pede tudo ao corpo de Van Damme, como a um Nureyev, enquanto as cenas se sucedem como num delírio surrealista. (** Inácio Araujo **)
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''Já começa a ficar distante o tempo em que filmes mantinham-se a altura de suas origens populares e podiam ser partilhados por todos os espectadores. Filmes dignos, como esse "O Alvo", com que John WOO estreou no cinema americano. Ele trabalha com uma estrela dos filmes de quebra-pau da época (van Damme) e o coloca numa aventura em que ricos perversos dedicam-se ao estranho esporte de atirar em um alvo - não qualquer alvo, mas um homem - até a morte. Com tal argumento não é difícil chegar ao fundo do poçp. Woo consegue, no entante, levar longe sua arte, de tal modo que perseguições paranoicas ou lutas marciais, em vez de escorregarem para a brutalidade e/ou idiotice, produzem formidáveia báles e belas imagens.'' (*** Inácio Araujo ***) - DirectorJohn FordStarsJohn WayneJeffrey HunterVera MilesAn American Civil War veteran embarks on a years-long journey to rescue his niece from the Comanches after the rest of his brother's family is massacred in a raid on their Texas farm.Não é preciso esperar pela segunda cena para perceber que estamos diante de uma obra-prima. A porta que se abre para a paisagem árida, o interior da casa em contraluz, a mulher que avança até a varanda da casa, a paisagem que se torna cada vez mais vasta, mais imponente e na qual, aos poucos, se distingue a presença de um homem que se aproxima a cavalo. Este plano de uma melancolia insuperável é o início de "Rastros de Ódio". Talvez seja o maior faroeste de todos os tempos, certamente é o melhor, o mais maduro, o mais complexo de John Ford -e ganha edição comemorativa de seus 50 anos. Esta edição restaura o formato VistaVision. Na antiga versão, optou-se pela "tela cheia", o que adulterava os enquadramentos. Mas, fora do cinema, a mudança não é tão profunda. Ford não é um cineasta do enquadramento, e sim um contador de histórias imbatível. A real diferença aqui vem do disco em que várias seqüências são analisadas por John Milius, Curtis Hanson e Martin Scorsese, comentando desde a primeira impressão -juvenil- que sentiram até as descobertas feitas já como profissionais. "Rastros de Ódio" está no centro da produção de Ford. Alguém, no disco de extras, lembra que ele se sentia um pouco como o personagem de Ethan Hawke -solitário e sem lar, depois de fazer 140 filmes e ficar anos na guerra. Aventa-se, inclusive, que os modos duros e o jeito intratável de Hawke eram muito semelhantes aos do próprio Ford. É possível... Mas o amargor de Hawke, seu caráter de herói detestável, vai além de possíveis identidades biográficas. O filme -sobre o homem que procura incansavelmente pela sobrinha, seqüestrada por índios- toca na tecla mais sensível da formação americana, o racismo, observado aqui como a verdadeira tragédia do país, e ainda nos fala do lar e do homem errante, da busca pelo sangue, do ódio, da Guerra de Secessão, dos sofrimentos do Sul derrotado etc. Quem acha que isso é exagero pode ficar com a história de Carroll Baker, que certa vez o atazanava, pedindo que fizesse o filme "que nem Ingmar Bergman". Ford perguntou: "Bergman? Quem é Bergman?". No dia seguinte, enquanto Carroll se preparava para a filmagem, Ford chegou perto dela: "Ah, já sei quem é Bergman. É aquele sueco que me acha o melhor diretor do mundo". E Baker não tocou mais no assunto. Ford era um gigante. Mesmo fazendo o filme mais dolorido de sua vida, seu espectador, ao final, se sente feliz e pasmo diante de tanta força. "Rastros" chega aos 50 anos intacto." (* Inácio Araujo *)
"Conta-se que Carroll Baker filmava com John Ford pediu-lhe que fizesse planos como Bergnan. Bergman? Quem é?, perguntou Ford. No dia seguinte, o americano aparece no set todo pimpão e diz a Carrol: Ah, já sei. Bergman é aquele sueco que acha que eu sou o melhor diretor do mundo. O melhor de Ford em "Rastros de Ódio" (** Inácio Araujo **)
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''John Ford pontifica com seu "Rastros de Ódio". Não é um filme raro, mas quem se pilha diante da TV e começa a vê-lo ou a revê-lo, em geral, não consegue parar. Esta é a saga de um homem só que perde o que lhe resta da família num ataque de índios e parte em busca do puco que resta do seu sangue neste mundo, a sobrinha raptada para se tornar mulher de um chefe. Para muitos, é o maior faroeste de todos os tempos, e não sem motivos: aqui se encontram o épico e o tétrico, pois são que movem o homem.'' (* Inácio Araujo *)
Datado em alguns aspectos, mas segue uma obra grandiosa, com relevância e lugar cativo na história do cinema.
"As pessoas adoram listas. Nada mais comum do que encontrar, principalmente na internet, compilações elencando os melhores representantes de determinado assunto. Em relação ao cinema não é diferente. Por mais difícil que seja eleger um único filme para assumir o posto de a melhor obra cinematográfica já realizada, as listas continuam surgindo, das mais variadas origens. Hoje em dia, a produção que normalmente encabeça estes rankings é Cidadão Kane (Citizen Kane, 1941), de Orson Welles – claro que, ocasionalmente, outros clássicos assumem a posição, desde O Nascimento de Uma Nação (The Birth of a Nation, 1915) a O Poderoso Chefão (The Godfather, 1972), sem deixar de lado aquela que é considerada a obra seminal de John Ford, "Rastros de Ódio" (The Searchers, 1956). Todos os filmes acima – e, obviamente, outros que não foram citados – possuem imensa relevância não apenas no cinema norte-americano, mas também no mundial, seja por suas revoluções técnicas, seja pela ousadia temática, seja pela quebra de barreiras culturais. É neste sentido que Rastros de Ódio encontra o seu lugar histórico: se, em termos técnicos, o trabalho de Ford não possa ser considerado tão inovador quanto os de Griffith ou Welles, por exemplo, o filme representa uma brusca mudança de visão em relação à forma com a qual se percebia o cinema e, principalmente o papel do herói. Não é à toa que a revista New York Magazine a elegeu a produção cinematográfica mais influente de todos os tempos e um cineasta do porte de Steven Spielberg o considera o grande filme norte-americano. Hoje, mais de cinco décadas após a sua estreia, praticamente tudo já foi dito, escrito e estudado sobre Rastros de Ódio. O racismo do personagem principal, as sutilezas do que não é dito, a jornada de obsessão de Ethan Edwards e os demais detalhes da obra foram dissecados à exaustão. Por isso, talvez seja difícil compreender o impacto de Rastros de Ódio – e seu protagonista, principalmente – na mentalidade da época. Acostumado a um gênero no qual os mocinhos e vilões sempre foram bem definidos, eles se viram diante de um herói complexo, ambíguo, repleto de defeitos e falhas de caráter. Sim, os índios ainda continuavam a representar o lado do mal, mas será que é possível chamar Ethan de herói? As coisas, tanto no western quanto no cinema em geral, começavam a deixar de ser apenas “preto no branco”, dando espaço a personagens mais conflituosos e nada fáceis de serem rotulados. E é, indiscutivelmente, a corajosa construção do protagonista que coloca Rastros de Ódio no rol dos grandes filmes de todos os tempos. Ethan Edwards não é somente o “durão” que John Wayne se acostumou a interpretar; mais do que isso, é um homem traumatizado por um passado que jamais fica claro, com princípios moralmente questionáveis – afinal, a obsessão que motiva sua busca, a partir de certo momento da obra, não é mais o resgate da sobrinha, mas a necessidade de assassiná-la para que a jovem não viva mais como uma índia. É exatamente aí que o filme ultrapassa um limite raro para a época, fazendo com que a própria plateia se questionasse sobre se é válido torcer ou não para o protagonista. Como se não bastasse esta ousadia de Ford e do roteirista Frank Nugent em relação aos valores de seu herói, eles ainda “escondem” informações do espectador, inserindo na narrativa somente dicas sutis de onde veio ou quem é Ethan Edwards. Não obstante o explícito racismo, revelado de forma indiscutível durante todo o filme, diversas questões ficam em aberto: houve alguma espécie de relacionamento entre ele e a cunhada? Qual o passado que tem com o irmão e com os demais personagens? Por onde andou nos três anos após o final da Guerra da Secessão? Ele está sendo procurado por algum crime? São indagações como estas, apenas sugeridas pelo filme, que ajudam a criar uma aura de mistério em torno de Edwards, tornando-o um personagem ainda mais ambíguo e, consequentemente, interessante. E é em "Rastros de Ódio" que John Wayne tem aquela que é, provavelmente, a melhor interpretação de sua carreira – superior, inclusive, ao trabalho que lhe rendeu o Oscar em Bravura Indômita (True Grit, 1969). Poucas vezes reconhecido como um ator de verdade, Wayne se mostrava, com este filme, ser um intérprete de real talento, sendo capaz de sustentar de forma eficaz a dualidade de seu personagem e, tão importante quanto, colaborar para que ele jamais se revele totalmente à plateia. Mais do que isso, o Duke tem momentos de puro brilhantismo, especialmente nos raros closes de Ford em seu rosto, em cenas específicas, instantes nos quais assume olhares que combinam diversos sentimentos sem deixar de lado toda a dor de um passado que, como sabemos, jamais fica claro. Não deixa de ser uma pena, então, que tanto a belíssima construção de personagem quanto a ótima interpretação de Wayne não encontrem contraponto à altura na performance de Jeffrey Hunter. A relação entre Matin Pawley, personagem de Hunter, e Ethan Edwards é um dos principais temas de Rastros de Ódio e o enredo a partir do qual a plateia acaba por conhecer ainda mais o caráter do protagonista – fica claro que a constante implicância de Edwards em relação a Pawley vem diretamente do fato de ele possuir descendência indígena. Mesmo bem construída pelo roteiro, esta dinâmica é prejudicada pela falta de sutileza na interpretação de Hunter, que parece sempre exagerado e artificial – algo até comum para o modo de atuação da época, mas que, nos dias atuais, acaba enfraquecendo a obra. Aliás, este aspecto de "Rastros de Ódio" mostra que alguns trechos do filme realmente envelheceram mal. Por diversos instantes, e não somente naqueles protagonizados por Hunter, a obra apresenta um excesso de teatralidade que chega a ser irritante, inclusive na forma com a qual Ford constrói os seus momentos de alívio cômico. Novamente, eram conceitos que não incomodavam à época, mas hoje soam apenas datados, desviando a atenção do espectador daquilo que realmente importa na história. Da mesma forma, há uma subtrama envolvendo a relação de Pawley com uma jovem que não leva a lugar algum, também servindo unicamente como distração, uma vez que nada contribui para a incessante busca de Edwards por sua sobrinha. Por outro lado, é praticamente impossível não ficar de queixo caído com o trabalho de John Ford em "Rastros de Ódio". No que diz respeito ao visual, este talvez seja o mais belo filme do cineasta – o que não é pouco. Ford compõe planos e cenas belíssimas, não somente capturando de forma maravilhosa a vastidão do Monument Valley – sua locação favorita – como também construindo momentos impecáveis em sua execução, como a sequência na qual duas fileiras de índios cercam os heróis e a já histórica rima visual entre o início e o fechamento do filme na soleira de uma porta – este final, com Edwards voltando para o seu destino errante enquanto a família busca o refúgio do lar, pode facilmente ser incluído entre os mais belos momentos do cinema norte-americano. Prejudicado ainda ao não deixar muito clara a passagem do tempo, Rastros de Ódio é um filme que não ficou incólume à passagem dos anos. Visto hoje, o trabalho de Ford possui falhas mais gritantes do que à época de seu lançamento, mas nada que diminua a força da história, o grandioso trabalho de direção e a importância histórica da obra. Apontá-lo como o filme que marcou o ocaso do western talvez seja uma temeridade – o próprio Ford faria isso de forma mais significativa em O Homem que Matou o Facínora (The Man Who Shot Liberty Valance, 1962) –, mas Rastros de Ódio foi essencial para a mudança de pensamento das plateias em relação ao gênero e à forma de se relacionar com o próprio cinema. Pode até não ser um dos melhores filmes norte-americanos, porém, sem dúvida, é um dos mais importantes." (Silvio Pilau)
A Odisséia no Oeste.
"Há quem diga que todas as histórias do mundo remontam de Homero, autor cujos relatos são considerados o berço da literatura universal. Explica-se: grande parte das histórias viriam da Ilíada, com uma batalha entre um ou mais grupos (ou indivíduos), uma guerra a ser travada e inúmeras opções de estratégia para decidir o confronto; enquanto que o restante das histórias teriam alguma relação com a Odisséia, porque narram um percurso longo, um trajeto com destino, uma viagem a ser percorrida, em busca de outra pessoa, de um lugar ou uma idéia, etc. Uma jornada física e/ou interior, que bem pode ser o combate desigual do homem contra os deuses (como Fritz Lang definiria a Odisséia em O Desprezo [Le Mepris, 1963]), ou contra si mesmo. Dito isso, podemos afirmar que Rastros de Ódio (The Searchers, 1956), um dos principais, senão o melhor filme de John Ford, é a representação por excelência do conceito da odisséia no cinema americano. "Rastros de Ódio" inicia com uma porta que se abre e termina com uma porta que se fecha; começa e se encerra com o retorno de Ethan Edwards (personagem de John Wayne), numa narrativa circular, em que o indivíduo passa por uma viagem pessoal e volta ao ponto de origem – mas volta diferente: evoluído, transformado, marcado pelo acúmulo de experiências e dramas pessoais. Ethan volta da guerra civil americana pensando em encontrar a paz no seio do que lhe restou de família, mas é como se trouxesse a tragédia consigo, como se a fatalidade o perseguisse. À sua chegada, a porta se abre para a paisagem árida que se torna cada vez mais ampla, e vislumbramos o interior da casa, que representa o lar do qual Ethan nunca poderá fazer parte, e a mulher que avança até a varanda da casa, de encontro ao personagem que se aproxima a cavalo. É sintomático que o protagonista seja representado pelo mais típico herói americano das telas, mas é justamente em "Rastros de Ódio'' que se torna evidente o quanto Wayne está longe de funcionar como uma figura heróica convencional, com seus modos duros e solitários de um homem errante e sem lar. Ele circula entorno da família, reencontra os parentes mais velhos, conhece os mais novos. É flagrante também uma certa tensão sexual sugerida pelos olhares e pelas frases subentendidas, que invocam uma relação mal resolvida entre Wayne (cujo arquétipo habitual em sua filmografia era pouco confortável perto de mulheres) e a cunhada. E se geralmente John Ford nos conquista pelas suas imagens e o talento de contador de histórias, o cineasta nos impressiona também pelo não-dito e por aquilo que não mostra, como Ethan saindo do interior da casa arrasada pelo massacre dos apaches. Não vemos o que Wayne viu lá dentro, mas nem por isso deixamos de imaginar e compreender a exata dimensão do horror que o personagem testemunha, a ponto de não hesitar em bater no sobrinho enlouquecido (Jeffrey Hunter) para impedi-lo de compartilhar da visão das mais trágicas imagens que Ethan terá que carregar na lembrança enquanto viver. Poucas vezes o extra-campo e o fora de plano fizeram o sentido e mostraram sua força com tanta intensidade quanto nessa passagem. É o que desencadeia a epopéia de Ethan Edwards, a odisséia no oeste. O herói e o sobrinho mestiço passam anos no encalço dos índios que raptaram a sobrinha (Natalie Wood), cruzam o deserto escaldante ou a neve persistente como se o personagem de Wayne finalmente estivesse em casa, na medida exata de seu próprio mundo. Um cenário de barbárie habitado por integrantes de raças e origens distintas (norte-americanos, mexicanos, pele-vermelhas), sem que nenhum obstáculo faça o protagonista querer desistir de encontrar a menina. E o objetivo se torna mais ambíguo e o seu comportamento mais dilacerante aos olhos da platéia a partir do momento em que compreendemos que seu desejo pode ser não apenas o de recuperar a sobrinha como o de destruí-la por sabê-la contaminada pelo contato com os hábitos indígenas. Rastros de Ódio é um dos maiores tratados sobre um dos aspectos mais discutíveis da formação norte-americana, o racismo, observado no filme de Ford como a verdadeira tragédia do país, causa e efeito de quase todas as guerras e conflitos entre etnias e costumes diferentes, que resultam na busca pelo sangue, na intolerância, no ódio. E que no caso de Ethan Edwards se evidencia ainda mais pelos traumas da Guerra de Sucessão, por carregar no rosto os sofrimentos da derrota do sul em um limbo pós-guerra civil. Costuma-se apontar, além do mais, que muito dos modos intratáveis do protagonista de Rastros de Ódio eram semelhantes aos do próprio John Ford, que em toda vida mascarava sua sensibilidade com uma certa rigidez e dureza (o que é explicitado no documentário realizado por Peter Bogdanovich, Directed by John Ford [idem, 1971]). Wayne tem sua atuação mais perfeita no papel, amadurecendo o talento revelado pelas mãos do próprio Ford duas décadas antes em No Tempo das Diligências (Stagecoach, 1939), no que é plenamente auxiliado pela presença de Jeffrey Hunter (o diretor Howard Hawks dizia que Wayne sempre tinha melhores performances ao lado de um co-protagonista, que normalmente serviria de contraste para que a sua expressividade e maneira complexa com que se apresentava se tornassem mais acentuadas). A relação com o sobrinho é catalisadora de muito do ódio de Ethan, enquanto impõe temor e respeito sobre o mais jovem, e gera também um pouco de comicidade, sobretudo nas ocasiões em que o mais velho troça da inexperiência do rapaz, o que por um tempo suaviza a carga dramática de Rastros de Ódio. Ford era tão hábil contador de histórias que pouca gente lembra de reverenciá-lo como o grande esteta que foi. "Rastros de Ódio" é igualmente memorável pelo seu excepcional senso de cores, posicionamento de ângulos de câmera com a precisão de quem mais preza pela justeza do que pela beleza, e a fotografia de Winton C. Hoch que tira extraordinário proveito das locações no Monument Valley, uma região desolada e montanhosa que era o cenário favorito do diretor. Mas nada se justificaria se não fosse a densidade com que a figura de Ethan Edwards é construída. Ao final de sua odisséia, o espectador e o próprio personagem estão com a consciência completa do que ele representa, do que foi a sua luta interna até ali, o que beirou a auto-destruição. No seu documentário Uma Viagem com Martin Scorsese pelo Cinema Americano (A Personal Journey with Martin Scorsese Through American Movies, 1995), Martin Scorsese chama a atenção para uma cena logo no começo de Rastros de Ódio em que Ethan viola o túmulo de um comanche e atira nos olhos do cadáver, sabendo que pela tradição indígena um pele-vermelha se não tem mais olhos, não pode entrar na terra dos espíritos, tendo que vagar para sempre entre os ventos. Scorsese completa dizendo que, no final, o próprio Ethan está amaldiçoado, do mesmo modo que amaldiçoou o comanche morto, com o personagem de Wayne na condição de condenado a vagar entre os ventos, agora sem qualquer rumo. Essa condição é expressa de forma brutal e simbólica pelo plano que encerra o filme. A porta que se fecha deixando Wayne do lado de fora, como que já não pertencendo mais àquele mundo, num espaço ensolarado no qual o espaço ao redor dele se afunda na mais densa escuridão que é, a um só tempo, seu abismo e seu retrato. É o enquadramento que aprisiona como moldura; sua solidão, sua rejeição a tudo e a todos, desde o início do filme, pareciam sugerir esse isolamento. A sua condição de outsider no oeste que recebe a chegada da civilização seria catapultada de vez no último faroeste que Ford e Wayne realizaram juntos, O Homem Que Matou o Facínora (The Man Who Shot Liberty Valance, 1962), o testamento do gênero, no qual o grande cowboy é simbólica e literalmente velado. Um gesto natural que, junto da cena final de Rastros de Ódio, encerra toda a tradição que é tanto a de um gênero quanto a do próprio cinema." (Vlademir Lazo) - DirectorJohn Erick DowdleStarsChris MessinaCaroline DhavernasBokeem WoodbineA group of people are trapped in an elevator and the Devil is mysteriously amongst them."Cria a atmosfera decentemente mas o ato final é uma bagunça. Divertido e só!" (Alexandre Koball)
"O êxito de um filme de suspense ou terror está ligado à criação de uma situação palpável, capaz de gerar bons sustos nos momentos de pico e um mínimo de tensão nos de calmaria. "Demônio" cumpre parte dessas metas e se torna uma boa surpresa." (Regis Trigo)
"A execução fica bastante aquém da premissa, uma vez que o cineasta não se mostra capaz de construir tensão e claustrofobia a partir do cenário reduzid. De quebra, o roteiro ainda se demonstra mais idiota do que se esperava para uma trama tão simples." (Silvio Pilau) - DirectorDavid CronenbergStarsJames SpaderHolly HunterElias KoteasAfter getting into a serious car accident, a TV director discovers an underground sub-culture of scarred, omnisexual car-crash victims who use car accidents and the raw sexual energy they produce to try to rejuvenate his sex life with his wife."Carros e belas mulheres. Indique para seu filho adolescente. NOT!" (Alexamndre Koball)
"A entrega total à potência do momento - seja este o ápice da relação sexual ou o choque da colisão entre máquinas. Questões efêmeras sendo sentidas direto na carne como se o amanhã não mais importasse, mas sim, e unicamente, o prazer instantâneo do agora." (Junior Souza)
"Talvez o filme mais deslocador dos anos 90." (David Campos)
1996 Palma de Cannes - DirectorFred ZinnemannStarsGary CooperGrace KellyThomas MitchellA town Marshal, despite the disagreements of his newlywed bride and the townspeople around him, must face a gang of deadly killers alone at "high noon" when the gang leader, an outlaw he "sent up" years ago, arrives on the noon train."Matar ou Morrer" é o estranho faroeste em que um xerife, as voltas com bandidos que retornam a cidade para pegá-lo, pede ajuda aos concidãos para enfretamento que o espera. Que xerife é esse? - perguntou-se, entre outros, Howard Haws, que detestou o filme de Fred Zinemann. É provavel que Hawks tenha razão cinematográfica na história: xerife devem proteger a população , e não o inverso. Já o liberal Zinemann pensa em outra direção: num mundo em que já não existem mais heróis absolutos protegendo pobres mortais. Todos envolvem-se (democraticamente, dirse-ia nestes temos de fé democrática) igualmente na solução do problema, o heróismo torna-se relativo e o bem comum, algo que a todos concerne." (* Inácio Araujo *)
''O melhor de certos filmes aparece quando algo se mostra que não está neles. Por exemplo: "Matar ou Morrer", visto a seco, não é um faroeste tão interessante. Ali, Gary Cooper é o xerife que tenta convencer uma população renitente a ajudá-lo a resistir a um inimigo feroz, que acaba de sair da prisão e quer liquidá-lo. O propósito de Fred Zinnemann era menos avacalhar a fama de invencível de Cooper do que traçar uma alegoria do poder do macarthismo. Isto é, para Zinnemann (um fugitivo do nazismo) tratava-se de mostrar como uma população acovardada podia tornar-se cúmplice de um movimento criminoso, o do senador dos EUA Joseph McCarthy (1908-1957)." (** Inácio Araujo **)
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''Talvez o fechamento das locadoras venha a ser sentido, em algum tempo, como uma catástrofe. Certo, existe a Netflix e similares. Existem os piratas, com seus discos baratinhos, a as TV's por assinatura. Mas, somando tudo, muita coisa falta. O que temos do cinema mudo? Quuase nada. E o que existe de filmes asiáticos nesses veículos (vá lá, tirando os piratas)? Ou mesmo no velho preto e branco? Caramba: se o cara não é bom de baixar filmes da internet (e de conviver com vírus conexo) a vida não é tão fácil. Assim, se aparece a chance de ver um faroeste como 'Matar ou Morrer", por batido que seja, agarra-se.'' (*** Inácio Araujo ***)
"Tic, tac, tic, tac... o tempo passa, a tensão aumenta... tic, tac, tic, tac... a vida de Will Kane por um fio... tic, tac, tic, tac... pelo jeito ele terá que se virar sozinho... para o deleite do espectador." (Alexandre Koball)
25*1953 Oscar / 10*1953 Globo
TOP 250#145 - DirectorVincente MinnelliStarsLana TurnerKirk DouglasWalter PidgeonAn unscrupulous movie producer uses an actress, a director and a writer to achieve success."Em 1950, dois filmes polarizaram a disputa pelos Oscar - A Malvada, de Joseph L. Mankieewicz, que ficou com os principais prêmios, e Crepúsculo dos Deuses, de Billy Wilder. Um filme sobre os bastidores do teatro e outro sobre os do cinema. Dois anos mais tarde, Hollywood de novo ocupou o foco de outro filme nem um pouco lisonjeiro sobre a indústria do cinema. "Assim Estava Escrito", de Vincente Minneli, chama-se The Bad and The Beautiful, no original. Malvados e belos, Kirk Douglas faz o produtor que, logo no começo, precisa de ajuda para se reerguer. Seguem-se, em flash-back, as histórias do diretor, do roteirista e da estrela que usou, e descartou. Barry Sullivan, Dick Powell e Lana Turner são os intérpretes dos papéis. Narrado em forma de puzzle - quebra-cabeças -, o filme reproduz a estrutura filmica do cultuado Cidadão Kane, de Orson Welles. Nenhum segmento, isolado, é definitivo na definição do caráter de Jonathan Shields - é o nome do personagem-, mas os três, juntos, totalizam o retrato de um narcisista sem escrupulos. Shields é o que se chama de personagem a clef, reunindo características de vários magnatas que fizeram histórias em Hollywood. Os mais notórios são Val Lewton, o lendário renoivador do cinema de horror, e o obsessivo David Selznick, de ...E o Vento Levou. "Assim Estava Escrito" recebeu cinco Oscars, incluindo roteiro adaptado, fotografia e atriz coadjuvante (Gloria Grahame). Dez anos mais tarde, Minnelli fez A Cidade dos Desiludidos, que não é bem continuação, mas tem tudo a haver." (Luiz carlos Merten)
"Pode-se definir "Assim Estava Escrito", para resumir, como o mais realista dos filmes sobre cinema. Ninguém se surpreenderá, portanto, que seja também o mais cruel. Tudo começa quando um produtor a perigo tenta reunir seu velho grupo: um diretor célebre, uma atriz famosa. Será que alguém dará força ao traste? Porque é um traste esse Kirk Douglas do filme de Vincente Minnelli. É o que saberemos logo depois, no flashback. Quando ainda candidato a produtor, Kirk trai o amigo, candidato a diretor, e faz o que pode e o que não pode para a jovem atriz, Lana Turner, se apaixonar por ele e ajudá-lo a subir. E o que poderia compensar tamanhos desvios de caráter? A percepção de que o negócio dos sonhos, o cinema, tem um aspecto bem concreto, bem feio. É dessa feiura que se cria, de certo modo, o maravilhoso." (* Inácio Araujo *)
25*1953 Oscar 10*1953 Globo - DirectorJames HillTom McGowanStarsVirginia McKennaBill TraversGeoffrey KeenThe story of George and Joy Adamson and the orphaned lion cub, Elsa, they adopt.
- DirectorIngmar BergmanStarsHarriet AnderssonLiv UllmannKari SylwanWhen a woman dying of cancer in early twentieth-century Sweden is visited by her two sisters, long-repressed feelings between the siblings rise to the surface."Bergman foi menos original na temática do que na abordagem de seus temas. Sabia como ninguém filmar um primeiro plano. Aproximava a câmera de atores e atrizes e extraía imagens únicas, que não por acaso promoveram ao estrelato uma longa lista deles, de Harriet Anderson a Liv Ullman, passando por Ingrid Thulin, Bibi Anderson, Gunnel Lindblom - para ficar em algumas do lado feminino -, que contracenaram com Max von Sydow ou Erland Josephson, do masculino. Talvez Bergman tenha sido mesmo o cineasta do instante, como definiu Godard em 1958: era o pensamento que ocorria mesmo que longinquamente a um determinado rosto que sua câmera levava ao espectador. Não penetrava na psiquê dos personagens. Penetrava na alma, de certa forma, mas sabia que só poderia fazê-lo por meio de seus corpos. Qual o melhor Bergman? Haverá quem prefira o do início, o de, por exemplo, Noites de Circo (1953), que o fez descobrir no Brasil, o dos anos 60, de Persona (que no Brasil recebeu o nome infame de Quando Duas Mulheres Pecam), ou aquele já desiludido de Deus que se insinua nos anos 70 em, digamos, "Gritos e Sussurros"." (* Inácio Araujo *)
''Os filmes clássicos restaurados que têm voltado ao circuito servem também para que as novas gerações de diretores aprendam a filmar melhor. Para que percebam a força do ator e da encenação e a maneira como esses filmes geralmente demonstram uma perfeita adequação do estilo ao drama encenado. Nesses sentidos, e em outros tantos, "Gritos e Sussurros", que inaugura a fase madura de Ingmar Bergman, é exemplar. Aqui não temos a explosão de cinema moderno de Persona, ou a exacerbação do desejo de O Silêncio, ou mesmo a delicadeza poética de Morangos Silvestres. Mas "Gritos e Sussurros" tem a força dessas obras-primas e, como elas, é um filme em que a espiritualidade e o sofrimento humanos são compreendidos e representados em toda a complexidade. Agnes está com câncer terminal. Ela recebe a atenção e os cuidados de suas duas irmãs e da empregada da família, num casarão que remete a fortes lembranças do passado. Como sempre em Bergman, o elenco é irrepreensível. Agnes é interpretada pela musa Harriet Andersson, que em 1952 encantava os cinéfilos como a sensual protagonista de Mônica e o Desejo, do mesmo diretor. Suas irmãs são Liv Ullmann e Ingrid Thulin, atrizes bergmanianas por excelência. Kari Sylwan, excepcional atriz de poucos filmes, é Anna, dedicada empregada responsável pelo conforto que as irmãs, com seus problemas, são incapazes de dar a Agnes. Também no elenco outro ator bergmaniano: Erland Josephson como David, o médico. É um estudo em vermelho que Bergman promove com a ajuda de seu habitual diretor de fotografia, Sven Nykvist. Vermelho do sangue, mas também da alma, como o próprio Bergman gostava de dizer. O corpo de Agnes está morrendo, mas sua alma sobrevive. Suas irmãs, por outro lado, parecem aprisionadas pelo ressentimento e pelos traumas do passado. Falta a elas a vivacidade que sobra em Anna. As belas palavras do grande crítico português João Bénard da Costa são a respeito de outra obra, mas cabem perfeitamente a "Gritos e Sussurros": O fundamental é a vida; a vida continua sempre; é de vida que fala este filme de morte." (Sergio Alpendre)
46*1973 Oscar / 31*1973 Globo / 1972 Palma de Cannes - DirectorJohn HustonStarsKirk DouglasRobert MitchumTony CurtisA former intelligence officer is tasked by the heir to the Gleneyre estate to investigate the unusual deaths of a disparate group of eleven men on a list."Essa divertida brincadeira de John Huston apresenta em seus créditos um grupo imbatível de astros da época. Depois de um tempo, o espectador se dá conta de que esses astros aparecem difarçados, em uma trama tão estranha quanto propositadamente antiquada sobre uma lista de pessoas assassinadas por um vingador misterioso. Após o belo Freud - Além da Alma e pouco antes de entrar no período mais problemático de sua carreira (1964-1966), Huston resolve brincar com o público, com os atores amigos e com o cinema, da mesma maneira que havia feito em 1954 com O Diabo Riu por Último. Talvez o público se divirta mais em descobrir quem está por trás de cada disfarce do que em saber o motivo da vingança, mas faz parte do encantamento cinematográfico esse tipo de jogo, que coloca o fazer na frente da narrativa e embaralha as peças visando apenas o simples entretenimento." (Sergio Alpendre)
- DirectorAlfred HitchcockStarsTeresa WrightJoseph CottenMacdonald CareyA teenage girl, overjoyed when her favorite uncle comes to visit the family in their quiet California town, slowly begins to suspect that he is in fact the "Merry Widow" killer sought by the authorities."A Sombra de Uma Dúvida é a perversidade que se manifesta com força. Pois lá está o simpático tio Charlie, que vem da cidade grande, reencontrando a sobrinha que leva seu nome, Charlie também. Mas é por trás desse retrato bucólico da vida numa cidadezinha que Charlie, o tio, mostrará quem de fato é.( *Inácio Araujo *)
"Hitchcock constrói mais uma vez um suspense crescente eficiente em família, com personagens secundários interessantes e lotados de humor. O detalhe fica por conta dos metidos a 'investigadores' que nem desconfiam o que está acontecendo." (Rodrigo Cunha)
16*1944 Oscar - DirectorSteven SpielbergStarsDennis WeaverJacqueline ScottEddie FirestoneA business commuter is pursued and terrorized by the malevolent driver of a massive tractor-trailer."Quem conhece Steven Spielberg dos milhões não sabe o que ele é capaz de fazer com um carro e um caminhão. Sim, porque "Encurralado" não é muito mais que isso. Há também o roteiro de Richard Matheson, o que não é pouca coisa. Mas, no essencial, eis ai um filme feito para TV (em 1971) com recursos mínimos. Nessas horas se prova o diretor que pode até, no futuro, gastar milhões, não desperdiçar. E lá existe um carro que provoca um caminhão que não lhe da passagem. Quando a subida acabar, este virá atrás do carro com os piores propósitos. Tudo o que há é um carro, um camiãozão, um homem, a estrada, as subidas e as descidas. E o terror que parece não ter fim. (* Inácio Araujo *)
"Primeiro Spielberg mostra a força do grande cineasta que virá." (Demetrius Caesar)
"O primeiro filme de Spielberg não é apenas um tira-gosto do que ele viria a ser futuramente, mas um prato cheio e uma aula de como conduzir um bom suspense. Desde cedo ele já era grande." (Heitor Romero)
Filme menor de Spielberg feito para TV em 1971 não deve nada a seus grandes suspenses.
"Spielberg logo no início de carreira já demonstrava potencial com esse lançamento que acabou sendo lançado diretamente para a televisão. E que potencial! A partir de uma premissa simplíssima - um carro sendo perseguido por um caminhão - ele nos oferece doses praticamente perfeitas de suspense e tensão. Tudo à luz do dia. Com a graciosa característica de conseguir prender o espectador, este trabalho não deve muito a seus melhores filmes de suspense de alto orçamento, tais como Tubarão e O Parque dos Dinossauros, mostrando que o diretor nasceu para brilhar. O que mais impressiona hoje em dia (34 anos depois) é o apuro técnico de "Encurralado". Mesmo sendo um lançamento para a televisão de um diretor ainda razoavelmente inexperiente e sem contar com a tecnologia dos computadores, o diretor nos presenteia com ângulos de câmera e planos inteligentes e sagazes, conseguindo o feito de adicionar emoção em praticamente todas as cenas. Seria fácil fazer de um filme que se passa quase que inteiramente sobre o asfalto algo entediante (Sem Destino, lançado dois anos antes desse, que o diga), mas a habilidade do diretor em desenvolver a tensão de forma crescente espanta essa crença. David Mann (Dennis Weaver, que foi convidado para atuar no filme graças a seu trabalho no clássico A Marca da Maldade), um sujeito ordinário, sai logo de manhã cedo em viagem de negócios de carro. Deve atravessar uma rodovia no meio do deserto para chegar a seu destino. Seu pecado? Irritar-se com um caminhão lento na estrada. A irritação é recíproca, e logo o caminhoneiro passa a perseguí-lo de forma cada vez mais perigosa, e o que começa como um joguinho bobo logo vira uma busca frenética e mortal do caminhoneiro para acabar com a vida de Mann. O clima desolador do deserto, aliado às pessoas estranhas que encontra pelo caminho (caipiras que parecem sair da versão original de O Massacre da Serra Elétrica) e, principalmente, o fato de o motorista do caminhão permanecer anônimo durante todo o filme, formam os elementos perfeitos para um grande suspense. O nome original do filme - Duel - funciona como uma perfeita analogia ao gênero faroeste. Foi lançado quando Sergio Leone era o rei desse tipo de filme, não por coincidência. Mann e o caminhoneiro disputam um duelo sobre rodas. O vilão barbudo e musculoso (crê-se!) contra o mocinho hábil, mas que tem que enfrentar as injustiças dos opressores para conseguir sobreviver. Não há como fugir do duelo. A única maneira de vencer é utilizando-se da inteligência. Esse é exatamente outro ponto especial do filme. Sabemos que uma hora a perseguição deve terminar. Mas como poderia um carro pequeno contra um enorme caminhão-tanque? Essa pergunta tem a capacidade mágica de segurar - ainda mais - a atenção do espectador. É um filme sem história, sem desenvolvimento de personagens. Na verdade, possui até mesmo algumas inconsistências em seu roteiro. No final, é um filme gratuito, mas que ainda com todos esses fatores contra si, funciona perfeitamente como cinema - pois cinema não é somente a capacidade de contar uma história bem contada, e sim a capacidade de entreter sem ferir a inteligência do espectador (ou, se for para fazer isso, que o faça com elegância), de fazer cativar quem está assistindo à projeção, e por isso esse filme hoje pode ser considerado muito importante, ainda que seja tão oco. Ele mostrou ao mundo o grande diretor que Spielberg acabaria por se transformar (assim que Tubarão fosse lançado, quatro anos mais tarde) e mostrou que cinema e entretenimento podem coexistir, quando não subestimar quem o assiste. Quando o filme tem a capacidade de nos fazer sentir e nos fazer importar pelos seus personagens, ele funciona, pois deixamos de ser espectadores passivos e passamos a vivenciar os acontecimentos, como se estivéssemos lá, na tela. Vendo esse filme, fica complicado não suar frio com David Mann. E fica difícil não sentir prazer quando se assiste a cinema assim. "Encurralado" serve como exemplo bastante adequado de filme autoral, sem interferência de estúdios. Geralmente são dois os tipos de diretores que conseguem fazer esse cinema: os diretores independentes e os diretores que são mega-sucesso e estão em boa fase na carreira, quando tudo dá certo. Spielberg passou do primeiro tipo para o segundo nesses longos anos de carreira. Obviamente cometeu deslizes - alguns até grandes, vide Hook - mas desde os anos iniciais de carreira mostrou ter o diferencial que já colocou seu nome na história do cinema, de onde ninguém poderá rebaixá-lo. David Mann só queria atravessar a rodovia para um encontro de negócios, mas graças a Spielberg e ao roteirista Richard Matheson (hoje um senhor de 79 anos que ainda está vivo na carreira, algo raro), fomos presenteados com muito mais do que isso - um suspense bárbaro! Vida longa a ambos no mundo do cinema." (Alexandre Koball)
"Encurralado" é um filme feito para a televisão americana, em 1971, dirigido pelo então novato Steven Spielberg. O cineasta havia dirigido, até então, apenas curtas-metragens e séries. O seu primeiro longa para o cinema foi Louca Escapada, de 1974. Em Encurralado, Spielberg dá uma aula de cinema, dando, mais do que sinais, provas, de seu grande talento para a criação do suspense e do terror psicológico. O filme de 1971 é para mim uma epécie de pai de Tubarão (1975), grande clássico do cineasta. O sucesso e o êxito cinematográfico de Encurralado, foi, sem dúvida, de grande importância para a subsequente carreira de Spielberg. Filmado em 13 dias, a produção é uma adaptação de um conto de Richard Matheson, também encarregado pelo roteiro. O filme conta a história de um homem comum, David Mann, classe-média, que sai um dia de carro para um encontro de trabalho e se vê perseguido por um caminhão pelas desertas rodovias do oeste americano. A trama pode ser simples, mas o resultado é um filme angustiante e assustador."Encurralado" encontra-se no limite entre thriller e terror. A sacada de mestre do diretor é o fato de não revelar o caminhoneiro (apenas seus pés e braço esquerdo), assim como não vemos o tubarão durante a maior parte do filme de 1975. A questão da identidade do vilão é fundamental para a trama: sem rosto, ele se torna ainda mais assustador e imprevisível. Esta falta de identidade também é representada pelas inúmeras placas pregadas no caminhão, ou sejá, a máquina também não pode ser identificada. Por falar em máquina, por um processo de metonímia, vemos o caminhão se tornar o próprio vilão do filme. Sua presença é, em si, ameaçadora. Spielberg afirmou, certa vez, que escolheu o modelo de caminhão usado no filme, pois sua cabine lembra um rosto. "Encurralado'' (boa tradução para o português, talvez melhor do que duel/duelo, título original), explora ao máximo o terror psicológico, uma vez que o mocinho, com quem nos identificamos invarialvelmente, se vê completamente à mercê de um mal absoluto, em um jogo terrível de gato e rato. E o pior: não existe uma motivação real para a a ação do perseguidor. Trata-se de um psicopata? Por que ele escolheu perseguir apenas David Mann? O filme carrega em si uma aura de pesadelo. O protagonista, que de certa forma tem sua coragem questionada por sua mulher em uma cena do filme, tem que lidar com o medo o tempo todo, como se ele devesse ser punido pela covardia do dia anterior. Dennis Weaver, que o interpreta, é eficiente ao mostrar as emoções, indecisões e terror de seu personagem através do seu olhar e de suas expressões faciais. A voz off do personagem também possibilita, em certos momentos, que tenhamos acesso ao desespero interior do personagem. Com uma bela fotografia e uma montagem e direção geniais, Encurralado é um Spielberg imperdível! " (Leonardo Alexandre)
29*1972 Globo - DirectorRaoul WalshStarsIda LupinoHumphrey BogartAlan CurtisAfter being released from prison, notorious thief Roy Earle is hired by his old boss to help a group of inexperienced criminals plan and carry out the robbery of a California resort.
- DirectorAkira KurosawaStarsTatsuya NakadaiAkira TeraoJinpachi NezuIn Medieval Japan, an elderly warlord retires, handing over his empire to his three sons. However, he vastly underestimates how the new-found power will corrupt them and cause them to turn on each other...and him."Kurosawa já em fim de carreira, num de seus mais entendiantes filmes." (Demetius Caesar)
"O encontro do rico cinema de Kurosawa com uma das obras literárias mais fortes de Shakespeare resulta em um filme poderosos tanto em sua direção quanto em seu roteiro, além de uma primorosa estética. Um dos épicos orientais mais conhecido e respeitado." (Heitor Romero)
58*1986 Oscar / 43*1986 Globo / 1986 César
Top 250#124 - DirectorFrank CapraStarsJames StewartDonna ReedLionel BarrymoreAn angel is sent from Heaven to help a desperately frustrated businessman by showing him what life would have been like if he had never existed."Ninguém deve condenar um filme por fazer caricatura de alguém ou alguma coisa antes de ver as obras de Frank Capra, como "A Felicidade Não se Compra". Pois Capra não faz senão caricaturas. O banqueiro (Lionel Barrymore) que só quer a empresa imobiliária de que toma conta trabalhando exclusivamente para dar lucros fenomenais não é senão uma caricatura. Seu oponente (James Stewart) julga que a empresa deve confiar nas pessoas e servir à população. Podemos dizer que é outra caricatura. Mais justo, no entanto, é perceber que aí estão protótipos perfeitos do que imaginamos como homens públicos - bons ou maus. É improvável que algum deles exista em estado puro. Pouco importa. O essencial é que entendemos vendo este filme, mais do que qualquer outro, o que é o bem comum e o que não é. E olha que esse nem é o assunto principal do filme, que vem com a questão: o que é e quanto vale a vida de um homem?" (* inácio Araujo *)
"É um milagre que A Felicidade Não se Compra tenha passado imune aos patentes problemas de ritmo e à falta de timing cômico de Frank Capra. Simples e inexplicável, segue sendo um dos filmes mais lindos do mundo." (Luis Henrique Boaventura)
"Lançado em 1946, permanece eficaz ao permanecer provocando o efeito desejado no espectador, evocando a magia do Natal de maneira emocionante. Belíssimo!" (Rodrigo torres de Souza)
19*1947 Oscar / 04*1947 Globo
Top 250#30 - DirectorRichard QuineStarsKirk DouglasKim NovakErnie KovacsA suburban architect loves his wife but is bored with his marriage and with his work, so he takes up with the neglected, married beauty who lives down the street.O NONO MANDAMENTO
- DirectorJerry ZuckerStarsPatrick SwayzeDemi MooreWhoopi GoldbergAfter a young man is murdered, his spirit stays behind to warn his lover of impending danger, with the help of a reluctant psychic.Deve ser divertido rever "Ghost - Do Outro Lado da Vida" para saber o que restou deste "best-seller" da virada dos 80 para os 90 do século passado. É um museu de tudo. Existe, primeiro, a violência, que leva Patrick Swayze a ser morto. Depois, o espiritismo, a ideia de vida após a morte, quando o fantasma passa a frequentar a vida de Demi Moore. Esse aspecto é associado, naturalmente, ao romantismo frenético (tipo O Morro dos Ventos Uivantes) que Ghost recoloca em circulação. Mas existe ainda o humor, que Whoopi Goldberg garante, na pessoa da médium, que às vezes parece saída direto de Trama Macabra, de Hitchcock. Ghost parece mais uma receita culinária do que um filme. Na produção, ninguém pode se queixar: fez sucesso e ganhou Oscars. Já o espectador pode ficar com alguma indigestão." (* Inácio Araujo *)
"Podem até malhar, mas sei que de alguma forma quase todo mundo já deu pelo menos 1 real de cabimento a este filme - seja pela nostalgia, seja pela aura que se desenvolveu ao seu redor. Todavia, analisando friamente, é aquela coisa besta mesmo." (David Campos)
63*1991 Oscar / 48*1991 Globo - DirectorIngmar BergmanStarsBibi AnderssonLiv UllmannMargaretha KrookA nurse is put in charge of a mute actress and finds that their personae are melding together.PERSONA - QUANDO DUAS MULHERES PECAM
"Dedique seu sábado a Ingmar Bergman, com "Quando Duas Mulheres Pecam". Convém admitir, para começo de conversa, que não são filmes de sábado. Ficar vendo TV no sábado já é muito depressivo. E depois entrar na intricada relação em que duas mulheres ao mesmo tempo se identificam e marcam distância, como em "Quando Duas Mulheres..." (que é o título brasileiro não só inexato como bobo para Persona). Dito isso, Bergman não é qualquer um: seus filmes perscrutam as personagens (em especial os rostos femininos) com tal precisão que parecem virá-las pelo avesso. A vida é um enigma, não só para as personagens como para o cineasta sueco (e para nós: o tipo de coisa que hoje não se cultiva). No mais, as atrizes são sublimes (e bem dirigidas)." (* Inácio Araujo *)
"Paulo Francis que não gostava particularmente de Jean-Luc Godard, era duro com o autor de Acossado e A Chinesa. Dizia que ele se havia convertido no representante de uma geração apressada, que se contentaval em ler as orelhas do livro e que aplicavam conceitos com a superficialidade de quem não assimilou nada. Ingmar Bergman, pelo contrário, era do tipo que lia o livro inteiro e a prova disso era a metalinguagem de "Quando Duas Mulheres Pecam". As duas metades que formavam o rosto de uma mulher viravam metáfora de cinema e os signos distribuídos ao longo do filme - o corpo que se levanta na morgue, o celuloide que queima - , tudo faz parte da arquitetura dramática. É tempo de reinventar Bergman." (Luiz Carlos Merten) - DirectorFritz LangStarsSylvia SidneySpencer TracyWalter AbelWhen a wrongly-accused prisoner barely survives a lynch-mob attack and is presumed dead, he vindictively decides to fake his death and frame the mob for his supposed murder."Para Fritz Lang nunca existiu força maior do que a irracionalidade. Somos todos sujeitos a ela, é o que parecem dizer seus filmes. Pior, porém, é a força irracional da multidão, dos linchadores. É ela que veremos agir em "Fúria", estreia dele nos EUA. É pior por ser coletiva, impessoal: diante da ação mais torpe, todos se sentem individualmente inocentes. É isso que vitimara um bom homem acusado de um terrível crime. O outro lado da irracionalidade o filme nos mostrará também; a reação do homem injustiçado e os esforços para se vingar dos linchadores. como se não fosse pouco, Lang convocará ainda o cinema(uma tela, um espelho?) em que cada um possa ver sua monstruosidade." (* Inácio Araujo *)
09*1937 Oscar - DirectorMichel GondryStarsJim CarreyKate WinsletTom WilkinsonWhen their relationship turns sour, a couple undergoes a medical procedure to have each other erased from their memories forever."Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças" no qual Michael Gondry brinca de ser complexo com ideias de Alain Resnais." (Cassio Starling Carlos)
77*2005 Oscar / 62*2005 Globo / 2005 César
Top 250#67 - DirectorDennis GanselStarsJürgen VogelFrederick LauMax RiemeltA high school teacher's experiment to demonstrate to his students what life is like under a dictatorship spins horribly out of control when he forms a social unit with a life of its own."A Onda" é um filme bem estranho. Ali, um professor de curso secundário arma um experimento em que seus alunos deverão viver sob um regime autoritário para compreender o nazismo. O ponto de partida é que os alunos reclamam de viver carregando nas costas a culpa por crimes de antepassados. O que se segue é um tanto delirante, mas não inconsequente: a rapaziada se dá bem ao vivenciar a experiência. Que ela tenda a escapar ao controle é só um detalhe dramático. O ponto neste filme é que esta bela Alemanha, tão decantada nos filmes atuais, não é só isso: é o nazismo também. E ele não foi, é. Ponto interessante, ao qual não estão imunes outras sociedades. Para não ir longe: o próprio Brasil não é bem receptivo a essas ondas?" (* Inácio Araujo *)
"Em nome da narrativa, há uma facilitação nos conflitos entre os jovens, que em certos momentos tudo aquilo me lembrou um episódio de "Malhação". No final, o filme resiste bem pela força e atualidade da sua mensagem." (regis Trigo)
"A proposta é realmente interessante e o resultado final leva à reflexão, embalado por uma direção ágil. Por outro lado, o desenvolvimento do enredo é apressado e o diretor derrapa ao tratar certos personagens como estereótipos. Mas um bom filme." (Silvio Pilau) - DirectorJ.C. ChandorStarsZachary QuintoStanley TucciKevin SpaceyFollows the key people at an investment bank over a 24-hour period during the early stages of the 2008 financial crisis."Como filme de engravatados e suas calculadoras frias não chega nem perto de um A Questão Humana, que além de ter mais o que dizer também era mais eficaz como thriller corporativista. Um pouco morno no começo, cresce muito após Jeremy Irons entrar em cena." (Vlademir Lazo)
"J.C. Chandor expõe o descaso dos cínicos e gananciosos executivos de Wall Street em todas as instâncias, do consumismo exagerado às negociações irresponsáveis até o desinteresse dos figurões em aprofundarem-se em seu próprio trabalho. Irons está ótimo!" (Rodrigo Torres de Souza)
"Ainda que o mercado de ações seja grego para a maioria, o ritmo é tão ágil e o roteiro tão bem escrito e inteligente (inclusive desenvolvendo personagens) que o filme é sempre envolvente. O elenco está ótimo. Chandor é um diretor a ser observado." (Silvio Pilau)
84*2012 Oscar / 2011 Urso de Ouro - DirectorDouglas SirkStarsLana TurnerJohn GavinSandra DeeAn aspiring white actress takes in an African American widow whose mixed-race daughter is desperate to be seen as white."Já que amostra Douglas Sirk só está em São Paulo e, mais, como a sala CCBB é só um pouco maior que um ovo, será possível, em todo caso, ver e rever "Imitação da Vida" pela TV. Não é amesma coisa. Mas a despedida de Sirk de Hollywood tem algo de prodigioso. Pode-se pensar que a história da empregada negra, cuja filha renega a própria cor (e a mãe), não passa de uma xaropada, sobretudo se associada aos problemas da patroa branca. Mas com sensibilidade será possível perceber aqui um grande filme antirracista, em que o sofrimento de não pertencer ao grupo dominante eclode com uma força raras vezes vista. Sirk disse adeus aos EUA com uma obra maior." (* Inácio Araujo *)
"No fundo, é um ensaio sobre a condição da imagem, no poder que a superfície de cada um subsidia ou embaraça os desejos que se escondem por trás de armaduras de uma vida moldada, social e afetivamente, nem sempre de acordo com as vontades das personagens." (Vlademir Lazo)
"O último filme de Sirk nos Estados Unidos, produzido por Ross Hunter, é tudo o que um último filme pode ser: uma despedida afetuosa, uma declaração de princípios do que é o cinema e a vida. "Imitação da Vida", no título que diz tudo sobre o que é o filme, começa com uma das mais fantásticas cartelas do cinema americano: sobre fundo preto, caem diamantes, que cobrem a tela. Além de apresentar o contexto racial que está presente no filme, é um espelho da condição desse cineasta que sempre foi um estrangeiro em Hollywood. Por trás de seus melodramas baratos, Sirk, mais que um retrato dessa América dos anos cinqüenta, em pleno apogeu da Guerra Fria, faz um filme afetuoso sobre a miséria da condição humana, sobre a falência do poder. Imitação da Vida é uma espécie de Cidadão Kane, já que todo o sonho da atriz Lora Meredith (Lana Turner, canastra como sempre), desmorona ao final, ainda que o suposto final feliz tente encobrir. Todo o seu sucesso parece uma bolha de sabão. “É disso que são feitos os sonhos”, ocos, tolos, como os diamantes sobre o fundo austero do início do filme. Mas o que é mais emocionante é que a história dessa mulher se confunde com a história desse próprio diretor alemão, que saiu do teatro de seu país natal para tentar ganhar a vida como diretor de Hollywood. Conseguiu, fazendo grandes obras de sucesso comercial, mas no ápice de sua carreira, justamente após esse filme, saiu de Hollywood, voltando para sua terra natal para dar aulas de teatro, o que o fez até o fim de sua vida. "Imitação da Vida" é um melodrama de estúdio, com figurinos luxuosos, com a trilha sonora lacrimejante, etc, etc. Mas é o que de melhor o mainstream americano sabe fazer, porque é a história de uma vida contada com uma imensa dignidade e com um imenso olhar para esses personagens. Sirk nunca hesita em apontar os pontos fracos dos seus mocinhos, e isso é o que dá força aos seus filmes. Neste, as mães são extremamente corajosas para vencer a vida sem seus homens, mas fracassam como mães: sua luta foi incapaz de fazer com que suas filhas tivessem uma vida melhor do que a sua. Preocupadas com suas questões pessoais (uma negligenciando, outra superprotegendo), não conseguem trocar uma única palavra verdadeira para com elas. É um filme tbem sobre o preço pago para chegar ao sucesso. E isso é muito sério, e muito pesado como Sirk aponta para isso. Tolos, os personagens lutam mas não saem do lugar. É como se a vida fosse um cobertor curto: você resolve um problema e não percebe que existem outros! Tantos outros! Afinal, é um melodrama, a vida é difícil, as pessoas têm problemas e não conseguem ver coisas a um palmo do seu nariz porque têm preconceitos e limites. O filme fala tbem de preconceito: preconceito de cor, de origem, do sexo feminino, do ser artista. Imitação da Vida é uma tragédia porque tudo dá errado exatamente porque todos têm razão e todos se esforçam para que as coisas dêem certo. É inacreditável a forma como Sirk ilumina seus filmes. Dentro da opulência daquele cinema de estúdio, colorido e encantado, há um profundo senso de fatalismo (ora, é um diretor alemão!), e um profundo pesar, um profundo lamento por tudo ser dessa forma. Claro, alguns lêem como uma certa ironia ao modo de vida americano, e eu acho que se tem isso tem tbem uma coisa universal, maior, que preenche seus filmes: a impossibilidade de vivermos uma vida verdadeiramente humana. Esse destino trágico está lá em todo o filme, desde o primeiro plano, na forma como Sirk ilumina as cenas, o que confere uma incrível unidade ao filme, o que mostra um certo distanciamento crítico do diretor em relação a esse universo. Há sempre sombras, penumbras, escadas, passagens de meias-luzes entre as cenas de “altas luzes” e de brilhos. Há o final, sim, um terrível final, duro de se ver. É a despedida de Sirk no cinema, uma espécie de enterro e de muro de lamentações. O estúdio praticamente obrigou Sirk a fazer um final feliz, em que a filha Sarah Jane volta e pede desculpas para a mãe, o que praticamente acaba com o filme do Sirk. Mas o sábio diretor paga as lições de Murnau em A última Gargalhada, e faz um falso final feliz, amargo, estranho. A empregada negra guardou todas as suas economias para um enterro opulento, com quatro cavalos brancos levando a carruagem. No céu ela pode ser feliz. E ela deve comemorar por isso. Os cavalos brancos estão lá, e é inacreditável. Está todo mundo lá dentro da carruagem: a empregada no caixão, a filha Sarah Jane, a filhinha de Lora (feita pela Sandra Dee) e o John Gavin. A família americana, ali dentro. Dureza. De um diamante ou de uma bolha de sabão, é disso que são feitos os sonhos." (Cinecasulófilo)
32*1960 Oscar / 17*1960 Globo - DirectorMilos FormanStarsWoody HarrelsonCourtney LoveEdward NortonThe story of controversial pornography publisher Larry Flynt, and how he became a defender of free speech."O Povo Contra Larry Flint", dirigido pelo checo Milos Forman, é um dos melhores exemplos de como se fazer um filme baseado em fatos reais e ainda assim inovar o bastante para lançar uma grande obra. O material era explosivo, e Forman soube rechear o elenco com atores que fariam a diferença. Woody Harrelson é Larry Flint, dono de casas de strip que lançou uma das revistas eróticas mais importantes da história americana, Hustler" - versão bem mais pesada que Playboy. Flint sofreu ataques dos conservadores americanos, até físicos, ficando paraplégico após um atentado. Edward Norton está muito bom como o jovem advogado que o acompanha em vários brigas nos tribunais. O roteiro diverte e muitas questões morais são bem encaixadas na história. E a roqueira Courtney Love vai bem como garota de Flint." (Thales de Menezes)
69*1997 Oscar / 54*1997 Globo / 1996 Urso de Ouro - DirectorLasse HallströmStarsJennifer LopezRobert RedfordMorgan FreemanDesperate to provide care for her daughter, down-on-her-luck Jean moves in with her father in-law from whom she is estranged. Through time, they learn to forgive each other and heal old wounds.
- DirectorClaude ChabrolStarsLudivine SagnierBenoît MagimelFrançois BerléandA black comedy centered around a TV weather girl and the two very different men who pursue her.UMA GAROTA DIVIDIDA EM DOIS
"Como se para demonstrar que nossa sensibilidade para o cinema decaiu de maneira quase catastrófica, "Uma Garota Dividida em Dois" passou batido entre nós. E era um filme de Claude Chabrol, em cuja obra o sutil sempre conviveu com o popular. Estamos às voltas com uma moça do tempo da TV dividida entre amar um escritor famoso e um jovem de família rica. Rica eu disse? Rica, chique, pedante. E de Lyon, a cidade mais metida da França. É ali que a moça verá se completar a tempestade que cai sobre sua cabeça. É a essa família que ela se entrega, de mãos e pés atados, ela, a suposta "parvenue", ou alpinista social. Seu destino será triste: Chabrol ri, não dela, mas da burguesia francesa." (* Inácio Araujo *)
''O diretor Claude Chabrol fez da ironia sua arma contra a sociedade francesa, mas de modo geral suas observações valem para o mundo inteiro, pois dizem respeito a coisas como poder, vaidade e dinheiro.
Às vezes, sua sutil ironia não se deixa compreender muito bem, como em "Uma Garota Dividida em Dois", que foi bem mal aqui no Brasil.
Existe ali um poder transitório - a de uma moça do tempo da TV. E existe, entre outros, a família rica e tradicional com que se envolve ao se tornar noiva de um rapaz. É quando Chabrol dá o seu melhor: colocando frente a frente mundos diferentes em usos, costumes, iconografia. E ninguém duvide: nesse confronto, a garota do tempo passará por tempestades." (** Inácio Araujo **)
Com uma produção simples e sem nomes famosos, Claude Chabrol nos faz relembrar a delícia de ser espectador de tramas humanas.
''Não amaldiçoaremos os blockbusters neste texto e já demos créditos suficientemente bons à estréia de Batmam - O Cavaleiro das Trevas para deixar claro que gostamos deles, quando bem realizados. Mas ficou esmagado e ofuscado entre os lançamentos o novo filme do diretor francês Claude Chabrol, que ao menos pela condução da história mereceria uma atenção maior. Para aqueles que não o conhecem, Chabrol saiu das páginas da conhecida Cahiers Du Cinéma, onde escrevia, para a direção de Nas Garras do Vício (1958), filme que é considerado marco fundador do movimento conhecido como Nouvelle Vague, que incluído no amplo movimento contestatório da década de 1960, foi o espaço para que alguns críticos de cinema pudessem pôr em prática o reverso de tudo que eles condenavam no cinema comercial da época. Neste seu filme de 2007, ''Uma Garota Dividida em Dois'', o diretor francês atualiza aquele clássico gênero de filmes que se ocupam em investigar as pequenas – e particulares – tragédias humanas. Numa história cuja maior preocupação é com o desenrolar de seu enredo, a personagem da jovem jornalista Gabrielle Deneige (Ludivine Sagnier) é a moça do tempo de um telejornal, que nos bastidores da emissora conhece casualmente o famoso escritor Charles Saint-Denis (François Berléand) e de imediato se instala entre eles o jogo da garota que se sabe jovem e irresistível contra o homem já maduro de muitas conquistas. Inicialmente sedutora e muito segura de si, Gabrielle também se deixará cortejar por um tipo estranho e meio mimado, Paul (Benoît Magimel), cuja primeira aparição em cena denota uma rixa com Saint Denis, anterior mesmo ao envolvimento de ambos com a mesma mulher. Na cena do lançamento do livro mais novo de Saint-Denis são demarcadas as posições neste jogo: o escritor, acostumado a vários casos extraconjugais, corteja a jornalista na espreita, acertando então o primeiro encontro entre eles; encantada com o charme de Saint-Denis, Gabrielle não perde tempo em aceitar o ingresso na aventura de um relacionamento com um homem mais velho; e Paul, que tinha ido até lá apenas para constranger o escritor com sua presença, acaba tombando com a jornalista, que a partir de então se torna o centro das atenções do bon vivant que sempre tem tudo o que deseja. Enrolada na disputa de egos entre dois homens, Gabrielle joga seu próprio jogo, se entregando sem restrições à paixão, e acreditando que seus sentimentos são reciprocamente respondidos; ao que Charles reage com a costumeira empolgação de sempre, dizendo tudo que uma garota gostaria de escutar e garantindo que Gabrielle experimente muitas e novas situações; enquanto Paul segue pelas beiradas, estabelecendo diálogos mais honestos com a jornalista e até perdendo as estribeiras quando ela consegue ser ainda mais caprichosa que ele. Uma comparação que pode servir como parâmetro é pensarmos que Match Point, de Woody Allen, se concentra na mesma linha, debruçando-se sobre um relacionamento confuso que acaba em tragédia e envolve mais pessoas do que o casal em questão, querendo dizer com isso que as conseqüências desse triângulo Charles-Gabrielle-Paul acabarão por afetar algumas outras pessoas ao redor deles, descambando também para uma solução trágica na qual a personagem da jornalista é a única que sai machucada de todos os lados, independente das escolhas que faça. Digamos que no final Paul é o grande vencedor dessa disputa, já que além de vingar-se do desprezo de Gabrielle, ele não apenas se vinga de Saint-Denis como interfere na sua reputação. Apesar de não aplicar com tanto rigor os preceitos da nouvelle vague, tampouco se pode dizer que este filme não seja tocado por isso: com duas reviravoltas e um final tão inesperado quanto metafórico, Chabrol usa a simplicidade dramática e traz à tona uma história que não apela para nenhum artifício que não seja humano, aplicando luz àquilo que mais fascina, seja na TV, na literatura ou no cinema: o folhetim bem desenvolvido." (Geo Euzebeo)
Claude Chabrol dirige mais uma crônica ácida sobre valores franceses - agora, em relação ao sexo.
"Charles (François Berléand) é um premiado escritor de meia-idade, não especialmente bonito mas cercado de mulheres deslumbrantes, desbravador sexual. Já o jovem Paul (Benoît Magimel), de franja moderninha e queixo quadrado de galã, foi negligenciado pela mãe quando criança e vive à sombra do pai morto e milionário. São dois opostos, enfim. O intelectual e o sanguíneo, o velho e o novo, o casado e o solteiro, o amante bem resolvido Charles e o emasculado Paul. Quem tem que escolher entre um e outro, como já adianta o título do novo filme do mestre francês Claude Chabrol, Uma Garota Dividida em Dois, é a bela Gabrielle (Ludivine Sagnier, de Swimming Pool). Garota de tempo de uma emissora de TV, dá pra ver pela cara dela que a moça vai subir rápido na carreira. Paul se apaixona à primeira vista, assim como Gabrielle rapidamente se deixa levar pelas frases feitas de Charles. O número de ilusionismo da bela cobaia serrada ao meio é a perfeita imagem poética do que Gabrielle vai enfrentar. Como sempre um arguto cronista da sociedade, que não se furta a usar do humor visual mais sarcástico, como nos close-ups que dá na mãe de Paul, Chabrol comenta as castrações e as liberdades na alta roda pensante francesa em torno desse mistério da humanidade que é a sexualidade, como define Charles. Aos poucos o filme adiciona mais características, além daquelas primeiras, à polarização entre o escritor e o playboy. Entrega versus mentira, conhecimento versus conforto. São dois mundos que, de fato, não se conciliam. De um lado Charles diz, com a maior naturalidade, que não pode se divorciar da esposa porque "não tem nada contra ela", uma visão mais do que libertadora de uma instituição-clausura como o casamento. Do outro, por sua vez, Paul se inflama porque acredita no casamento em seu estado mais primal, tal o rito do sacrifício de uma virgem. No fundo há em ''Uma Garota Dividida em Dois'' uma crítica ao conservadorismo cego de Paul e uma evidente simpatia pela permissividade sexual de Charles, mas ambos os lados têm seus momentos de cruel pragmatismo. E Chabrol, como todo grande cineasta francês, sabe sintetizar no rosto puro de Ludivine Sagnier esse universo de questões." (Marcelo Hessel)
2008 Lion Veneza - DirectorEdward DmytrykStarsHumphrey BogartJosé FerrerVan JohnsonWhen a U.S. Naval captain shows signs of mental instability that jeopardises the ship, the first officer is urged to consider relieving him of command."O filme perde um tempo enorme com subtramas dispensáveis (a longa introdução com o outro comandante do navio e o romance do jovem casal), mas a presença carismática e enigmática de Humphrey Bogart compensa grande parte dos problemas. Bom filme." (Regis Trigo)
27*1955 Oscar - DirectorWoody AllenStarsWoody AllenMia FarrowNick Apollo ForteIn his attempts to reconcile a lounge singer with his mistress, a hapless talent agent is mistaken as her lover by a jealous gangster."O Allen mediano (e divertido!). Apenas carece de diálogos mais inspirados." (Alexandre Koball)
"Não é um dos filmes mais profundos de Allen, mas sem dúvida há algumas passagens divertidíssimas e alguns diálogos acima de sua média pessoal." (Rodrigo Cunha)
"A mistura de intelectualismo e humor felliniano com comédia de gângsters pode imprimir um certo brilhantismo ao filme, mas já não empolga muito e nem é dos Allen que melhor envelheceram com o tempo. Farrow quase irreconhecível." (Vlademir Lazo)
57*1985 Oscar / 42*1985 Globo - DirectorMatthew VaughnStarsAaron Taylor-JohnsonNicolas CageChloë Grace MoretzDave Lizewski is an unnoticed high school student and comic book fan who one day decides to become a superhero, even though he has no powers, training or meaningful reason to do so."Hit-girl talvez seja a melhor super-heroína que o cinema já viu. Esse filme de poucas concessões, debochado e comercial X anti-comercial (lutando para conseguir ser os dois) é uma grata surpresa em um gênero já cansado." (Alexandre Koball)
"Sem dúvidas dá uma revigorada no gênero, com um humor negro sensacional e muita, muita violência." (Rodrigo cunha)
"O filme perfeito para o momento em que ser nerd é cool. As milhares de referências pop dão o tom deste bobagem divertidíssima, que combina de forma exemplar ingenuidade com um tom politicamente incorreto. Hit Girl tem tudo para se tornar um ícone." (Silvio Pilau)
"Vaughn promove o bem-sucedido encontro entre o mainstream e o cult em um filme único em sua proposta, mas que na verdade é tão banal quanto qualquer outro." (Luis Henrique Boaventura)
"O filme tem suas boas qualidades, mas vai se destruindo pouco a pouco até finalmente se tornar um paradoxo. Final traiçoeiro." (David Campos) - DirectorAlain ResnaisStarsSabine AzémaIsabelle CarréLaura MoranteIn Paris, six people all look for love, despite typically having their romantic aspirations dashed at every turn.2006 Lion Veneza / 2007 César
- DirectorJean-Luc GodardStarsMaruschka DetmersJacques BonnafféMyriem RousselA woman involved with a terrorist group becomes dangerously close to the police officer guarding the bank they plan to rob."Começo magnífico (uma das grandes aberturas do cinema) e um grande nada depois." (Demetrius Caesar)
1983 Lion Veneza - DirectorWoody AllenStarsDiane KeatonGeraldine PageKristin GriffithThree sisters find their lives spinning out of control in the wake of their parents' sudden, unexpected divorce."Super depressivo e um tom autoimportante, a pergunta é: até que ponto os problemas de pessoas vazias nos interessam, se o filme não os analisa com riqueza e sim somente com clichês habituais? Ainda assim, uma obra interessante." (Alexandre Koball)
"Primeiro drama pesado de Allen, é uma pequena jóia que demonstra que os problemas de existencialidade e necessidade de ser alguém na vida não são exclusivos aos jovens ou às novas gerações. A conclusão é fortíssima, ainda que clichê." (Rodrigo Cunha)
"Depois de encontrar o tom ideal na comédia em seu filme anterior, Allen arrisca-se, com eficiência, no drama. Interiores é sobre vazios e preenchimentos. São vidas de aparências que produzem mais frustração do que felicidade." (Emilio Franco Jr)
"Chato e sem maior criatividade, a busca por fazer um drama bergmaniano sisudo resulta num processo de descaracterização por parte de Allen, com somente anos depois ele aprendendo a se arriscar no melodrama sem abdicar de seu próprio estilo e assinatura." (Vlademir Lazo)
"No geral levanta questões muito interessantes, mas enfraquece nos momentos em que o cineasta deixa de lado seu próprio estilo para tentar ser "mais Bergman"." (Heitor Romero)
51*1979 Oscar / 39*1979 Globo - DirectorJamie UysStarsN!xauMarius WeyersSandra PrinslooA comic allegory about a traveling Bushman who encounters modern civilization and its stranger aspects, including a clumsy scientist and a band of revolutionaries.
- DirectorWoody AllenStarsWoody AllenLouise LasserCarlos MontalbánWhen a bumbling New Yorker is dumped by his activist girlfriend, he travels to a tiny Latin American nation and becomes involved in its latest rebellion."O começo e o fim são muito ruins, mas o meio, quando Fielding Mellish chega na América do Sul, é pego pelos rebeldes e treina com eles é uma das coisas mais engraçadas que Allen já fez." (Rodrigo Cunha)
*****
''No belo ciclo que o Futura está programando dedicado a Woody Allen, "Bananas" tem um lugar especial. Ele é, na prática, o segundo filme que dirigiu, e também um dos primeiros a estabelecer com muito humor sobre paradoxos. Aqui, ele é o sujeito (desajeitado, inútil dizer) que se apaixona por uma ativista política. Não esquecer que estamos num tempo de convulsões. Há o Vietnã, Cuba, guerrilhas na América das bananas (nós, por exemplo). As jovens ativistas são seres morais. E são belas o bastante para que o rapaz se apaixone por uma delas (Louise Lasser, ainda não é Diane Keaton) o bastante para se dispor a enfrentar os rigores e riscos da guerrilha. Daí ele tirará muitos motivos para rirmos das revoluções e, com elas, da intelectualidade americana e com ela'' (* Inácio Araujo *) - DirectorWei LoChia-Hsiang WuStarsBruce LeeMaria YiJames TienA young man sworn to an oath of non-violence works with his cousins in an ice factory where they mysteriously begin to disappear.
- DirectorW.S. Van DykeStarsWilliam PowellMyrna LoyMaureen O'SullivanFormer detective Nick Charles and his wealthy wife Nora investigate a murder case, mostly for the fun of it.07*1935 Oscar
- DirectorMartin CampbellStarsMel GibsonRay WinstoneDanny HustonAs homicide detective Thomas Craven investigates the murder of his activist daughter, he uncovers a corporate cover-up and government conspiracy that attracts an agent tasked with cleaning up the evidence."Tem engasgos de exageros e um desenvolvimento tradicional e previsível demais. Fora isso, um thriller acima da média e de crueza plausível." (Alexandre Koball)
"Debaixo da história já contada inúmeras vezes há pelo menos 2 grandes fatores que fazem o filme funcionar: o ritmo mais lento, sem atropelar os fatos para eles parecerem mais complicados do que realmente são e a interpretação de Gibson." (Rodrigo Cunha)
"Mesmo com um personagem malconstruído, Gibson - e seu olhar psicótico - é a melhor coisa do filme. De resto, pouco funciona: a investigação é sem-graça, os vilões estereotipados e o ritmo nada fluido. Gibson já fez o mesmo filme - e melhor - em O Troco." (Silvio Pilau) - DirectorAlain ResnaisStarsVittorio GassmanRuggero RaimondiGeraldine ChaplinThree intertwined tales. On the eve of the First World War, Count Forbek starts to build a fantastic castle in the Ardennes forest. After the war he uses it to start a utopian society by brainwashing his friends, including his former fiancee, Livia, and her husband. In the present day, the castle is being used as an alternative school and, in the summer holidays, for an educational conference. At the conference, the American Nora Winkle bets Claudine that the ernest public school teacher Elisabeth Rousseau will be enticed into the bed of Robert Dufresne, even though the principal speaker, Walter Guarini, is obviously interested in Elisabeth. Meanwhile, the children staying at the castle over the holidays invent their own medieval tale about freeing prisoners from the dungeons.A VIDA É UM ROMANCE
"Alain Resnais já foi moda. Faltar a um de seus filmes parecia em certa época coisa impossível. Aos poucos, no entanto, seus filmes deixaram de chegar ao país e mesmo os que haviam chegado foram caindo no esquecimento. Talvez Resnais não fosse tão grande quanto imaginávamos. Mas não é minúsculo como se poderia acreditar hoje em dia. Hoje dois de seus trabalhos. Meu Tio da América é de 1980 e fez sucesso por aqui. Trata, de um lado, de um especialista no estudo do comportamento. De outro, do comportamento propriamente dito. "A Vida É um Romance" tem uma estrutura temporal complexa. No mesmo local, ações se passam em 1919 e em 1982. Sendo que, em 82, há um fato real e outro imaginário." (* Inácio araujo *)
1984 César - DirectorPier Paolo PasoliniStarsHugh GriffithLaura BettiNinetto DavoliPasolini's artistic, sometimes violent, always vividly cinematic retelling of some of Chaucer's most erotic tales."Deve ser erro meu. Tenho, em todo caso, um pouco de vergonha de admitir que os filmes felizes de Pasolini não me encantam. Tanto em Mil e uma Noites como nos "Contos de Canterbury'', minha impressão é de que o cineasta-poeta se esforçava para superar seu verdadeiro sentimento, seu profundo desgosto. Este irromperá com uma força incomum nessa obra-prima que é Saló. Mas não sou eu que vou desaconselhar a visão desse trabalho de um intelectual como ele. Mas vale manter o desespero como tom do dia.'' (* Inácio Araujo *)
1972 Urso de Ouro - DirectorBilly WilderStarsRay MillandJane WymanPhillip TerryThe desperate life of a chronic alcoholic is followed through a four-day drinking bout."Wilder mais uma vez genial. O filme se desenvolve em uma espiral de desespero, ganhando força a cada minuto. Milland está excelente no papel do protagonista e as sutilezas do texto, como o final sem apelações, garantem a reputação desse clássico." (Silvio Pilau)
"Crível testemunho da adicção. Aqui Wilder realiza um dos seus mais notáveis trabalhos por trás das câmeras." (Marcelo Leme)
18*1946 Oscar / 03*1946 Globo / 1945 Palma de Cannes - DirectorCharles VidorStarsRita HayworthGlenn FordGeorge MacreadyA small-time gambler hired to work in a Buenos Aires casino discovers his employer's new wife is his former lover."Nunca houve uma mulher como Gilda. A frase acompanhou esse filme de 1946 que, além de muito bom, mostra o esplendor da deusa ruiva Rita Hayworth. Na trama, Glenn Ford é o empregado de um cassino surpreendido pela chegada da nova mulher de seu chefe, Gilda, com a qual teve uma relação no passado. A cena em que Rita canta Put the Blame on Mame e dança sensualmente entrou para a antologia do cinema. Sedução em qualquer época." (Thales de Menezes)
- DirectorFrank CapraStarsJames StewartJean ArthurClaude RainsA naive youth leader is appointed to fill a vacancy in the U.S. Senate. His idealistic plans promptly collide with corruption at home and subterfuge from his hero in Washington, but he tries to forge ahead despite attacks on his character."O cinema americano poucas vezes me fez vibrar tanto por um personagem. Amo Jefferson Smith e sua utopia ideológica - um feel good movie mágico, superior às outras obras de Capra." (Alexandre Koball)
05/03/2013
"O discurso de sempre do cinema de Capra está especialmente irritante em A Mulher Faz o Homem, mas não se pode ignorar as boas intenções do diretor. No fim, nada mais que inofensivo. "
Heitor Romero
6.0
24/03/2016
"Apesar dos excessos, um clássico que permanece extremamente atual, desnudando os bastidores das negociatas políticas, jogos de interesses, disputas pelo poder, controle da imprensa etc. O mundo precisa de mais Jeffs Smiths."
Léo Félix
"O ufanismo e a exaltação de valores de Capra são nada sutis, mas é praticamente impossível não torcer e se emocionar com a luta de Jefferson Smith a favor de seus princípios e ideais. Stewart está ótimo e Jean Arthur brilha em todas as cenas. Genial." (Silvio Pilau)
"Siciliano criado nos Estadus Unidos, Frank Capra teve uma carreira extensa, mas o que mais se detesta em sua cinematografia são os filmes que celebravam a integridade de homens comuns diante de adversidades. Era um estímulo que sofria diante da depressão e a Segunda Guerra. "A Mulher faz o Homem" traz o ator que melhor simbolizou o herói típico de Capra: James Stwart, aqui no papel de um chefe de escoteiros que se torna senador. Uma vez em Wshington, ele enfrenta um sistema político corrupto. Impossível ser mais atual;" (Thales de Menezes)
A desmaterialização dos ideais americanos, por Frank Capra.
''Antes de fazer história com o clássico natalino A Felicidade Não Se Compra, a dupla Frank Capra e James Stewart já havia alcançado êxito semelhante com A Mulher Faz o Homem, um dos feel good movies de Capra que abraçam as convencionalidades e as transcendem para falar de algo muito maior, neste caso, sobre o universo complexo e conturbado da política e seus jogos de interesses. Mesmo atualmente, a obra permanece com a força de sua mensagem intacta, mas se levarmos em consideração a época no qual foi lançado, aí teremos uma noção mais exata do quão Capra foi ousado e corajoso.
Com roteiro escrito por Sidney Buchman e baseado numa história concebida por Lewis R. Foster, A Mulher Faz o Homem já começa através de uma frenética sucessão de acontecimentos: através de vários telefonemas, vários políticos comentam e debatem sobre a recente morte de um senador dos Estados Unidos, sem o qual estes não poderiam levar para a frente um projeto corrupto. Na busca de alguém que ocupe a cadeira do falecido senador, os políticos chegam até Jefferson Smith (James Stewart), um ingênuo homem do interior que, levado por seu patriotismo, aceitar ocupar o cargo vago. Entretanto, aos poucos, Jefferson irá se ver diante de uma realidade que irá quebrar e mudar sua visão otimista sobre a confiabilidade das constituições de seu país e daqueles que o comandam.
Capra, cujos filmes sempre foram carregados de uma forte valorização aos ideais americanos, cria aqui um filme que desconstrói e coloca em xeque tais valores constitucionais. Para chegar a tal ponto, o roteiro recorre ao clichê do sujeito inocente e sonhador que entra em choque ao se deparar com uma realidade diferente da qual imaginava. Basta prestar atenção na cena em que Jefferson (a referência ao presidente Thomas Jefferson não é mera coincidência) faz um tour pela cidade e Capra, com o auxílio de uma trilha sonora que exala patriotismo, apresenta em sequência estatuas de ex-presidentes dos EUA até chegar ao Memorial de Lincoln, onde Jefferson se entrega à emoção. Tal ufanismo brilhantemente ressaltado em tal sequência será, aos poucos, transformado por Capra na sombria realidade do que é, de fato, a política interna.
Trabalhando em cima de fascinantes truques de câmera (como a imponente Câmara do Senado que nos é revelada pela perspectiva do protagonista) e um jogo inteligente de luzes e sombras (repare na escuridão do momento em que Jefferson parece decidido a desistir de tudo), Capra não se limita a definir corretamente os mocinhos e vilões, mas se dá ao trabalho de humanizar até mesmo aqueles que são responsáveis pelo trabalho corrupto. É o caso de Joseph Paine (Claude Rains), um homem que visivelmente acredita na constituição das leis americanas, mas que, seduzido pelas oportunidades oferecias pelo jogo sujo dos interesses políticos, se deixa levar pelas concessões, ao ponto de acusar Smith como o responsável pelo projeto corrupto elaborado. Rains, indicado ao Oscar por este papel, representa muitíssimo bem os conflitos enfrentados por seu personagem ao longo de toda a falsa acusação em cima de Smith, e o roteiro trabalha de tal forma com este sentimento de culpa que a atitude abrupta e inesperada de Paine consegue, com louvor, soar coerente e permanecer dentro do contexto mais humano da obra.
James Stewart, um dos grandes nomes da Era de Ouro de Hollywood, realizou aqui um de seus trabalhos mais notáveis. Sua composição de Jefferson Smith é completa e rica nos mínimos detalhes, com Stewart apostando em trejeitos que refletem com perfeição o espírito do sujeito encantado com as aparências construídas por seu país, e que mais pra frente, irá se ver desiludido com a reversão desse pensamento. De fala pausada e olhar deslumbrado, Stewart faz um trabalho genial durante a gradativa mudança do personagem, que aos poucos vai se revelando um homem destemido e confiante naquilo que acredita, culminando no espetacular clímax onde o ator se entrega em um tour de force arrebatador. Eu seu contraponto, temos a maravilhosa Jean Arthur como a determinada Clarissa Saunders, uma mulher entediada diante do desgastante jogo de interesses na política, mas que após enxergar a confiabilidade Smith em seus ideais, recupera seus próprios valores e reencontra uma razão para lutar contra o sistema corrupto. O momento em que Saunders explica para Smith o longo e difícil processo para a aprovação de um projeto é bastante significativo e certamente um dos mais belos do longa. E vale ressaltar que é justamente no apoio que Saunders representa para Smith que o filme encontrou inspiração para seu curioso título brasileiro.
Inesperadamente complexo, vibrante e provocador, todo o debate proposto por Capra aqui ainda encontra ecos não apenas na constituição americana, mas também nos idealismos patriotas do mundo todo. E ainda assim, o filme aponta também para a velha esperança no fim do túnel, representada no espetáculo de americanismo de Jefferson Smith.
Por Rafael W. Oliveira
12*1940 Oscar
12*1940 Oscar
Top 250#116
Top 300#79 Cineplayers (Usuários)
Top Década 1930#5 - DirectorSergio LeoneStarsClint EastwoodLee Van CleefGian Maria VolontèTwo bounty hunters with the same intentions team up to track down a gang of outlaws led by a psychotic Mexican bandit, who is plotting an audacious bank robbery."A segunda parte da trilogia é tão divertida quanto a primeira, mas ainda melhor acabada e com momentos icônicos. A presença de Van Cleef é um ótimo reforço, acrescentando um toque pessoal que não se via no filme original. O duelo final é magnífico." (Silvio Pilau)
Top 250#117 - DirectorWilliam A. SeiterStarsStan LaurelOliver HardyCharley ChaseWhen Stan and Ollie trick their wives into thinking that they are taking a medicinal cruise while they're actually going to a convention, the wives find out the truth the hard way.OS FILHOS DO DESERTO
"Apesar de não possuir o ritmo frenético dos melhores filmes de Buster Keaton ou a qualidade artística dos grandes de Chaplin, é impossível resistir ao charme de "O Gordo e o Magro", como são conhecidos no Brasil. Filme diverte muito." (Alexandre Koball) - DirectorAkira KurosawaStarsToshirô MifuneTakashi ShimuraKeiko TsushimaFarmers from a village exploited by bandits hire a veteran samurai for protection, who gathers six other samurai to join him."Grandioso e com narrativa construída de forma quase impecável, com as mais de três horas realmente sendo bem preenchidas. Personagens fortes e uma trama simples, mas eficaz. Filme muito influente e talvez o maior atestado do valor de Kurosawa." (Silvio Pilau)
29*1955 Oscar / 1955 Lion Veneza
Top 250#14 - DirectorAbel GanceStarsAlbert DieudonnéVladimir RoudenkoEdmond Van DaëleA film about the French general's youth and early military career.NAPOLEÃO
"De valor técnico inestimável, Napoleão é, sem dúvida, um dos grandes filmes mudos do cinema. Trilha sonora maravilhosa e ritmo quase perfeito marcam essa primeira parte da biografia do conquistador. Devido a custos, as outras nunca foram feitas, uma pena." (Alexandre Koball) - DirectorLars von TrierStarsJens AlbinusPeter GantzlerFriðrik Þór FriðrikssonAn IT company hires an actor to serve as the company's president in order to help the business get sold to a cranky Icelander."Von Trier sabe também fazer humor: esta comédia corporativa é mais engraçada do que a média das comédias comerciais vindas de Hollywood, com alguns reais lampejos de inteligência." (Alexandre Koball)
"Talvez por ser comédia, "O Grande Chefe" é um desses filmes de Lars von Trier que menos ganham estima do espectador. Mas esse mestre sabe como poucos variar do pornô mao terror e sabe, ainda, que o riso tem sua gravidade. Aqui, o picareta dono de uma empresa simula os funcionário, durante anos, que acima dele, nos EUA, existe um grande chefe, o verdadeiro dono da empresa. Na hora da necessidade (isto é, de dar um golpe), ele contrata um ator que faça o papel de chefe. Ou seja, o ator deve preencher esse lugar simbólico, pleno na imaginação dos funcionários, mas só nela. O chefe é só o cara que representa uma figura imaginária, o sistema funciona de maneira autônoma. (* Inácio Araujo *) - DirectorJacques DemyStarsCatherine DeneuveNino CastelnuovoAnne VernonA young woman separated from her lover by war faces a life-altering decision.''O belo, estranho, talentoso "Os Guarda-Chuvas do Amor" é objeto na quinta (1º) da não menos talentosa série Filmes que Marcaram Época. Ao contrário da tradição americana do musical, o francês Jacques Demy bateu de frente, em 1964, com a guerra de libertação da Argélia. Trata-se aqui da separação do casal Catherine Deneuve/Nino Castelnuovo, quando este é forçado a partir para a guerra colonial. Filme mais que original.'' (* Inácio Araujo *)
"O argumento clichê e a superficial futilidade do filme são compensados sob um olhar romântico e um toque de originalidade especial para os apaixonados por musicais." (Alexandre Koball)
"Um musical de impacto sentimental impressionante, belo e devastador. A despedida dos amantes na estação e a cena final estão certamente entre os melhores momentos da nouvelle vague francesa." (Daniel Dalpizzolo)
37*1965 Oscar / 22*1965 Globo / 1964 Palma de Cannes - DirectorRobert WieneStarsWerner KraussConrad VeidtFriedrich FeherHypnotist Dr. Caligari uses a somnambulist, Cesare, to commit murders.
- DirectorWoody AllenStarsWill FerrellVinessa ShawChiwetel EjioforTwo alternating stories, one comedy and the other tragedy, about Melinda's attempts to straighten out her life.
- DirectorWoody AllenStarsMartin LandauWoody AllenBill BernsteinAn ophthalmologist's mistress threatens to reveal their affair to his wife while a married documentary filmmaker is infatuated with another woman."Há algo mais jazz nos filmes de Woody Allen do que apenas as trilhas sonoras. Nasua obra, elementos se repetem circularmente. Mas cada detalhe de tom, cria uma obra totalmente nova. "Crimes e Pecados" é mais um dos marcos de sua carreira, filme em que Allen conseguiu falar sério, de maneira mais descontraída do que seus dramas anteriores. E com uma profundidade ainda maior. Há o oftalmologista que não enxerga valores espirituais. Um pensador que, após uma carreira dedicada a valorização da vida, entra em contradição. Allen fala da impossibilidade de ver o mundo, das pequenas e decisivas escolhas que são tomadas. Aqui ele escolhe o caminho do meio, entre a seriedade e o humor. E enfim encontra o equilíbrio." (* Inácio Araujo *)
"Alguma vez você já fez algo e se arrependeu logo depois? Por mais ridículo que isso possa parecer, você chegou a ficar depressivo(a) e/ou inquieto(a) com isso? Sim? Ótimo. Você está preparado(a). Não? Perfeito. Sua viagem e interação pelos sentimentos múltiplos discutidos por Woody Allen em "Crimes e Pecados" será de grande valia e de cunho questionativo impressionante. É mais ou menos aí que Allen centra sua história. Contando aventuras paralelas, Woody coloca em pauta os temas recorrentes em sua cinematografia: adultério, moral, religião e assassinato. Traçando um paralelo quase (eu explico o quase depois) irretocável entre duas histórias distintas, o cineasta cria o ambiente perfeito para discutir os temas-título. Os crimes e os pecados do título, na verdade funcionam como uma única análise de Allen: a culpa. E é justamente isso que o roteiro do próprio Allen pretende contar durante os 104 minutos da fita. Recorrendo diretamente ao seu ídolo no que se refere a posicionametos de câmera e, principalmente, de fotografia, o cineasta (e gênio) sueco Ingmar Bergman, mas sem deixar a originalidade que o consagrou, Allen entrega uma obra eficaz e eficiente, que só não é uma obra-prima pelos mínimos detalhes. O roteiro original (indicado ao Oscar) conta uma história que parece simples, mas que, dependendo da vontade do espectador, ou seja, se ele estiver afim de embarcar na filosofia crítica do diretor, pode se transformar em algo muito mais complexo. Um oftalmologista de grande respeito, Judah Rosenthal (Martin Landau) mantém um caso com Dolores (Angelica Huston) há muitos anos, mas a amante, egoísta, quer Judah só para ela e ameaça contar para a esposa de Judah, caso ele não queira mais ficar com ela, tudo sobre os dois. Seu irmão, que mantém alguns contatos com a Máfia sugere-lhe que mate sua amante. A partir daí, cabe a Judah decidir se vale a pena ir tão longe para manter sua reputação limpa. A outra trama que acontece simultaneamente conta a história do cineasta Cliff Stern (Woody Allen). Cliff está tentando fazer um documentário sobre um professor de filosofia, mas devido a falta de orçamento, acaba aceitando o convite do seu cunhado Lester (Alan Alda), já um bem-sucedido comediante, que Cliff particularmente não suporta. Além disso, Cliff se apaixona por Hallie Reed, o problema é que Lester já está de olho nela também. Usando muito bem os clichês do gênero a seu favor, Allen constrói um painel perfeito para que seus personagens entrem em rota de colisão. A construção dos personagens é impecável como de costume. Judah, interpretado por Martin Landau, acaba se tornando um excelente estudo do comportamento humano, evocando a diversos sentimentos (culpa, principalmente) e dando margem a múltiplas interpretações por parte da platéia. Allen erra, levemente, no ritmo das duas tramas. Ao carregar duas histórias absolutamente díspares, o cineasta parece ter inserido a segunda trama como desculpa, apenas para poder usá-la no ato final. Ainda assim, a trama que envolve Cliff (Allen) consegue representar bem o cinema do diretor, mesmo soando distante. Crimes e Pecados funciona tão bem quanto o poderoso Ponto Final - Match Point, o impacto só não é tão grande porque no filme de 2005 o diretor fala com mais seriedade, mas a mensagem é a mesma. Woody fez de Match Point, outra reinvenção de si mesmo!" (Tudo é Critica)
"Seria melhor se a narração final não fosse tão óbvia, concluindo pelo espectador aquilo que ele poderia fazer sozinho." (Heitor Romero)
62*1990 Oscar / 47*1990 Globo - DirectorPete DocterDavid SilvermanLee UnkrichStarsBilly CrystalJohn GoodmanMary GibbsIn order to power the city, monsters have to scare children so that they scream. However, the children are toxic to the monsters, and after a child gets through, two monsters realize things may not be what they think."O roteiro demora demais para entrar na história principal, o personagem Mike Wazowski é irritante, e tudo é muito gritado. De toda a forma, é difícil não se emocionar com a dupla Sullivan/Boo, principalmente quando esta solta o seu: "Gatinho!!!" (Regis Trigo)
"Dos mais bonitinhos da Pixar." (David Campos)
74*2002 Oscar
Top 250#241 - DirectorJohn LasseterStarsTom HanksTim AllenDon RicklesA cowboy doll is profoundly threatened and jealous when a new spaceman action figure supplants him as top toy in a boy's bedroom."A primeira grande obra da Pixar é mais do que uma quebra de barreiras tecnológicas. A história simples é contada de forma emocionante, com personagens cativantes e temas como amizade tratados de maneira exemplar. Clássico com justiça." (Silvio Pilau)
"Uma deliciosa e inventiva animação. É questão de tempo para se fascinar com o universo dos brinquedos. Belas lições sobre amizade e companheirismo.'' (Emilio Franco Jr)
68*1996 Oscar / 53*1996 Globo
Top 250#127 - DirectorAndrew StantonLee UnkrichStarsAlbert BrooksEllen DeGeneresAlexander GouldAfter his son is captured in the Great Barrier Reef and taken to Sydney, a timid clownfish sets out on a journey to bring him home."Marlin: "Quando você sabe que seu filho está pronto?" Crush: "Bem, você nunca realmente sabe, mas quando eles sacam, você saca, sacou?" Somente sendo pai para entender as sutilezas de "Procurando Nemo" e de um diálogo como esse.'' (Regis Trigo)
76*2004 Oscar / 61*2004 Globo
Top 250#172 - DirectorQuentin TarantinoStarsJohn TravoltaUma ThurmanSamuel L. JacksonThe lives of two mob hitmen, a boxer, a gangster and his wife, and a pair of diner bandits intertwine in four tales of violence and redemption."O ponto alto da carreira de Tarantino. Ágil, inteligente, ousado, divertidíssimo, inovador. Daí pra frente ele se repetiria (em outros grandes filmes e algumas bobagens), mas nunca se superaria." (Alexandre Koball)
"Dos anos 1990 em diante, não conheço um filme que tenha influênciado tanto as gerações seguintes quanto "Pulp Fiction"." (Regis Trigo )
"De vez em quando acontece alguma (pequena) revolução na linguagem cinematográfica e aqui temos uma. 'Pulp Fiction' acerta, não apenas por ser um ótimo filme, mas também por acrescentar sua parcela na história do cinema." (Welinton Vicente)
"Uma injeção de adrenalina em todos os sentidos!" (Junior Souza)
"Grande filme do incrível Tarantino, em que sua criatividade se faz presente em diálogos inventivos e informais, inclusive em seus aspectos técnicos, como em sua trilha e montagem." (Rodrigo Torres de Souza)
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"Com a recepção dividida da crítica a seu mais recente filme, Os Oito Odiados, em cartaz no Brasil, pode ser interessante rever o filme que definiu o estilo Quentin Tarantino de fazer cinema. "Pulp Fiction - Tempo de Violência" já trouxe os elementos básicos da produção tarantinesca: vários personagens em historinhas que podem ou não se cruzarem, muita conversa, rompantes de violência e atores cultuados pelo diretor. Aqui, numa trama que mistura assassinatos, mafiosos, drogas e lutas de boxe com resultado comprado, Samuel L Jackson, Bruce Willis, John Travolta e Uma thurman. Os dois últimos protagonizam uma cena icônica do cinema moderno: uma dançacinha engraçada em um clube noturno, que faz alusão ao passado do dançarino Travolta. É até hoje reprisada na internet e imitada nas pistas." (Thales de Menezes)
''Se o cinema clássico erigiu-se sobre a suspensão da descrença (o espectador deve acreditar no que vê), o de Quentin Tarantino desenvolve uma vertente oposta, bem contemporânea: trata-se de suspender a crença, já que ninguém crê em mais nenhuma ficção. Eis o princípio de "Pulp Fiction". Desde o diálogo logo no início, em que os dois matadores (John Travolta e Samuel L. Jackson) vão fazer seu trabalho falando de hambúrguer e assemelhados. É como que um desafio a todo passado de filme de gângsters: eles se comportam como perfeitos burocratas. Está dado o tom: não é a crença, filha da convenção, que nos deve convencer, mas a força da mise-en-scène, a encenação. Essa força, Quentin tem de sobra." (* Inácio Araujo *)
"Se é possível pensar em "Pulp Fiction - Tempo de Violência" como o melhor Quentin Tarantino é porque ali existe algo de amador. No bom sentido. Quentin ainda é inexperiente para cuidar de cada plano que filma como se fosse um filho. Mas seu humor é o melhor. Uma bela vítima é Marsellus Wallace, o chefão. Marsellus é quem pede a um de seus gângsteres, John Travolta, que saia com sua garota, Uma Thurman, e faça tudo que ela quiser. Belo segmento: da cenografia do bar até a dança entre Uma e John, o mais sensual momento do filme. E depois Uma exige que John faça, mesmo, tudo que ela quer. Mas não era nesse "tudo" em que Marsellus pensava. Dançar bem pode criar muito problema." (** Inácio Araujo **)
67*1995 Oscar / 52*1995 Globo / 1994 Palma de Cannes / 1995 César
Top 250#04 - DirectorJerry LewisStarsJerry LewisStella StevensDel MooreA timid chemistry teacher discovers a magical potion that can transform him into a suave and handsome womanizer.
- DirectorRichard DonnerStarsGregory PeckLee RemickHarvey StephensMysterious deaths surround an American ambassador. Could the child that he is raising actually be the Antichrist? The Devil's own son?49*1977 Oscar / 34*1977 Globo
- DirectorKevin SmithStarsBen AffleckJoey Lauren AdamsEthan SupleeHolden and Banky are comic book artists. Everything's going good for them until they meet Alyssa, also a comic book artist. Holden falls for her, but his hopes are crushed when he finds out she's a lesbian.55*1998 Globo
- DirectorMike NicholsStarsDustin HoffmanAnne BancroftKatharine RossA disillusioned college graduate finds himself torn between his older lover and her daughter."Nichols nos entrega uma obra divertida e tocante ao retratar com sinceridade a eterna dúvida dos homens entre o amor (Elaine) e o sexo (Mrs. Robinson), em um trabalho que revolucionou o gênero e hoje é tido como lendário.'' (Heitor Romero)
"Da trilha sonora tão clássica quanto o próprio filme àquele que é um dos desfechos mais lembrados do cinema, tudo é só acerto." (David Campos)
"Uma mulher madura se apaixona por um garoto. O garoto se apaixona pela filha da mulher, que, sentindo-se rejeitada, vai armar todas para impedir o amor entre os dois. Estávamos no fim dos anos 60 e não se disfarçava o conflito de gerações, muito menos em "A Primeira Noite de um Homem", o filme de Mike Nichols que fez um bocado de barulho da época. Dizia-se, então, para não confiar em ninguém com mais de 30 anos, caso de Anne Bancroft, que um Dustin Hoffman então bem jovem terá de tourear se quiser conquistar a filha, Katharine Ross. Como sempre em Mike Nichols, tudo começa pelos atores, centro do espetáculo: o filme vale aquilo que consegue extrair dele. Muito, no caso." (* Inácio Araujo *)
''O que faz filmes cinquentões parecerem mais jovens que tantos recém-lançados? Algumas respostas podem ser vistas no Indie 17, que exibe deste sábado a terça cópias restauradas de "A Primeira Noite de um Homem" e A Bela da Tarde, ambos de 1967. O primeiro, dirigido por Mike Nichols, costuma ser apontado como um dos sinais da emergência de uma geração, chamada Nova Hollywood, que modificou o estilo e o modo de tratar temas no cinema americano. O protagonista, Benjamin Braddock (Dustin Hoffman), é um jovem de 21 anos que, ao terminar a faculdade, retorna à casa dos pais, onde se sente um peixe fora d'água. Enquanto não faz nada, começa a ter um caso com Mrs. Robinson (Anne Bancroft), mulher madura e casada com o sócio do pai dele. O retrato de adultos satisfeitos com seu modo de vida artificial em oposição à postura juvenil de recusa é uma característica da época, que hoje parecerá datada. O uso de canções pop como manifestação de estados de espírito, assim como a montagem que junta cenas descontínuas e os enquadramentos peculiares podem ter sido transgressões na Hollywood de 1967. Mas o elemento do filme que continua na ordem do dia é a reconfiguração do lugar feminino, questão que, àquela altura, começava a ser assimilada pelo mainstream. A vulnerabilidade que Hoffman empresta ao protagonista fica ainda mais evidente em contraposição à atitude sempre ativa de Mrs. Robinson. Embora ela ganhe características de vilã no final, a primeira metade do filme é dominada pela superioridade dessa mulher madura que seduz quando bem entende, que vê o casamento apenas como convenção e que distingue o sexo como modo de prazer e recusa o que possa complicá-lo. Em A Bela da Tarde, premiado com o Leão de Ouro em Veneza em 1967, a liberação feminina aparece reinterpretada pelo cinema da crueldade de Luis Buñuel. Séverine, encarnada na beleza fria de Catherine Deneuve, parece uma imagem oposta à de Mrs. Robinson. Mas sua rotina de mulher da classe alta, esposa-bibelô de um médico bonitão, não esconde a insatisfação afetiva e sexual. Buñuel, mestre da subversão desde os anos 1920, aproveita os ventos libertários de 1967 para jogar com a questão mais indecifrável de todas: o que quer o desejo? Enquanto o marido trabalha, Séverine passa as tardes se prostituindo num bordel, onde se entrega a tipos desagradáveis e brutos. Desde A Idade do Ouro, Buñuel já confundia gozo e suplício. Além disso, o cinema do diretor espanhol é um terreno nada seguro. Se a cena inicial sugere um devaneio da protagonista, uma imersão numa fantasia sexual, o que vem em seguida não oferece nenhuma garantia de realismo. Situações oníricas desequilibram a linearidade e seguimos os movimentos de Séverine sem nunca decidir até que ponto seu mergulho é imaginário. A dupla vida de Séverine corresponde à dubiedade com que o surrealismo apreende o mundo. O onírico, o insólito, o aberrante não se opõem aos estados racionais, mas os excedem, criando camadas de sentido que provocam dúvidas e indagações. Por isso, a construção da personagem não oferece meios para distinguir a liberação da submissão. Séverine vai ao bordel para romper os grilhões ou porque é masoquista? O final feliz faz parte da história ou é outro cochilo da nossa atenção? Na visão surreal de Buñuel, toda resposta será incompleta." (Cassio Starling Carlos)
40*1968 Oscar
Top 250#174 - DirectorTobe HooperStarsJoBeth WilliamsHeather O'RourkeCraig T. NelsonA family's home is haunted by a host of demonic ghosts."Ah, como era bom o horror oitentista!" (Junior Souza)
"Heather O'Rourke forever." (David Campos)
"Em 1982, "Poltergeist - O Fenômeno" fez muita gente ter medo de deixar a TV ligada em casa. É pela tela do aparelho que a filha de um casal americano de classe média é sequestrada por um "espírito brincalhão" (que é o significado da palavra que dá título ao filme). O longa escrito e produzido por Steven Spielberg popularizou esse termo, que é associado a fenômenos inexplicáveis dentro da casa de alguém - como pratos flutuando no ar ou coisas que simplesmente explodem. Mas de brincalhões os fantasmas do filme não têm nada. A família só vai sentir o tamanho da encrenca quando descobrir que sua nova casa foi construída em cima de um cemitério indígena. Com várias continuações e um sem número de imitações,"Poltergeist" é terror inteligente e repleto de sustos." (Thales De Menezes)
55*1983 Oscar - DirectorFranklin J. SchaffnerStarsSteve McQueenDustin HoffmanVictor JoryA French convict in the 1930s befriends a fellow criminal as the two of them begin serving their sentence in the South American penal colony on Devil's Island, which inspires the man to plot his escape."Schaffner combina momentos sensacionais (o protagonista na solitária) com outros extremamente ruins (a sequência com os índios). No geral, é um filme bom, ainda que cansativo, e que conta com ótimas interpretações de McQueen e Hoffman.'' (Silvio Pilau)
46*1974 Oscar / 41*1974 Globo - DirectorWoody AllenStarsGreg StebnerWoody AllenJohn TormeyAn insurance investigator and an efficiency expert who hate each other are both hypnotized by a crooked hypnotist with a jade scorpion into stealing jewels."Alguns absurdos não convencem, mas muitos outros são hilários, nessa fantasia cômico-policial que provavelmente é o filme mais engraçado do diretor na década passada (mas não o melhor). E bons tempos em que Woody Allen estrelava os seus próprio filmes!" (Vlademir Lazo)
- DirectorDarren AronofskyStarsEllen BurstynJared LetoJennifer ConnellyThe drug-induced utopias of four Coney Island people are shattered when their addictions run deep.."Um filme totalmente entregue ao moralismo barato, à manipulação descarada e a obviedade de uma mensagem que insiste enfiar goela abaixo, sem um pingo de sutileza ou bom gosto para sequer amenizar seus exageros." (Junior Souza)
"Falta-lhe sutileza, entre outros atributos necessários para fazer de uma história de tema tão forte algo menos óbvio ou menos manipulador." (Heitor Romero)
77*2001 Oscar / 58*2001 Globo - DirectorGuy RitchieStarsJason FlemyngDexter FletcherNick MoranEddy persuades his three pals to pool money for a vital poker game against a powerful local mobster, Hatchet Harry. Eddy loses, after which Harry gives him a week to pay back 500,000 pounds."Divertido, criativo, adota ritmo tão dinâmico em sua trama que, paradoxalmente, parece estender a projeção, dada a plenitude de reviravoltas. Guy Ritchie surge como uma grata surpresa nesse ótimo filme de gângster." (Rodrigo torrs de Souza)
Top 250#154 - DirectorAng LeeStarsJake GyllenhaalHeath LedgerMichelle WilliamsEnnis and Jack are two shepherds who develop a sexual and emotional relationship. Their relationship becomes complicated when both of them get married to their respective girlfriends.78*2006 Oscar / 63*2006 Globo / 2005 Lion Veneza
- DirectorThomas VinterbergStarsUlrich ThomsenHenning MoritzenThomas Bo LarsenAt Helge's 60th birthday party, some unpleasant family truths are revealed.56*1999 Globo / 1998 Palma de Cannes / 1999 César
Top 250#228 - DirectorF. Gary GrayStarsDonald SutherlandMark WahlbergEdward NortonAfter being betrayed and left for dead in Italy, Charlie Croker and his team plan an elaborate gold heist against their former ally.
- DirectorDaniel MyrickEduardo SánchezStarsHeather DonahueMichael C. WilliamsJoshua LeonardThree film students vanish after traveling into a Maryland forest to film a documentary on the local Blair Witch legend, leaving only their footage behind."Apesar de sua estrutura de pseudo-documentário fajuto, o filme consegue introduzir o espectador em um painel de tensão constante, não somente em razão de seu horror subjetivo, mas principalmente por sua criatividade em construí-lo." (Junior Souza) 1999 Palma de Cannes
- DirectorMarleen GorrisStarsWilleke van AmmelrooyJan DecleirVeerle van OverloopA Dutch matron establishes and, for several generations, oversees a close-knit, matriarchal community where feminism and liberalism thrive.68*1996 Oscar
- DirectorTony ScottStarsChristian SlaterPatricia ArquetteDennis HopperIn Detroit, a pop-culture nerd steals cocaine from his new wife's pimp and tries to sell it in Hollywood, prompting the mobsters who own the drugs to pursue the couple."Semelhante a todo o restante da filmografia de Tarantino. Tony Scott não tem o mesmo talento, mas soube dirigir de forma competente esse filme de ação cheio de reviravoltas e muitos tiroteios. Certamente não é inovador, mas é muito divertido." (Alexandre Koball)
- DirectorAlfonso CuarónStarsDaniel RadcliffeEmma WatsonRupert GrintHarry Potter, Ron and Hermione return to Hogwarts School of Witchcraft and Wizardry for their third year of study, where they delve into the mystery surrounding an escaped prisoner who poses a dangerous threat to the young wizard."Único grande filme da saga." (Luis Henrique Boaventura)
77*2005 Oscar - DirectorChris ColumbusStarsDaniel RadcliffeRupert GrintEmma WatsonAn orphaned boy enrolls in a school of wizardry, where he learns the truth about himself, his family and the terrible evil that haunts the magical world."Olhar hoje para o jovem Potter de 2001 é como abrir um antigo álbum de fotografias: nossas memórias que estão lá, registradas. A inocência pode ser condenada, mas é necessária; afinal, é uma criança, ainda sem noção de sua real responsabilidade." (Rodrigo Cunha)
74*2002 Oscar - DirectorKrzysztof KieslowskiStarsZbigniew ZamachowskiJulie DelpyJanusz GajosAfter his wife divorces him, a Polish immigrant plots to get even with her."A principal novidade desses dias vem da TV Brasil, que dá uma incrementada importante em sua seção de cinema e passa a mostrar filmes também durante a semana. Até quando? Veremos. Por hoje, segue a exibição da Trilogia das Cores, do polonês Krzysztof Kieslowski, com "A Igualdade É Branca". Aqui, a ideia de igualdade é desenvolvida a partir do casamento entre um imigrante polonês e uma francesa. Ideia nada boba, diga-se, pois se a igualdade conjugal já é uma coisa complicada, que dizer quando há estrangeiros na parada? Aqui, Karol terá de se entender com Dominique (Julie Delpy). Aliás, se desentender, pois os dois terminarão por se separar e Karol (Zbigniew Zamachowski) voltará a Varsóvia: seu plano é fazer fortuna e voltar por cima." (* Inácio Araujo *)
1994 Urso de Ouro - DirectorKrzysztof KieslowskiStarsIrène JacobWladyslaw KowalskiHalina GryglaszewskaTwo parallel stories about two identical women; one living in Poland, the other in France. They don't know each other, but their lives are nevertheless profoundly connected.49*1992 Globo / 1991 Palma de Cannes / 1992 César
- DirectorKrzysztof KieslowskiStarsMiroslaw BakaKrzysztof GlobiszJan TesarzA soon-to-be lawyer crosses his path with a taxi driver and a young sinister man."São filmes em que tento arrancar a pele dos meus personagens várias vezes. A resposta dada pelo cineasta polonês Krzysztof Kieslowski ao ser indagado sobre o espírito de seu "Decálogo" revela mais sobre a amplitude do projeto do que o conceito de uma dezena de dramas morais para refletir sobre a atualidade dos dez mandamentos bíblicos no final do século passado. O resultado, evidentemente, não se confunde com o do épico hollywoodiano que reconstituiu o Êxodo, nem com a novela da Record, pois o cinema de Kieslowski não cede ao poder do espetáculo ou do sermão. Os dez episódios da série feita para a TV polonesa em 1988 são, de fato, um exame da consciência individual, um ardiloso deslocamento do enfoque social e político, predominante nos anos do comunismo, para a questão da liberdade pessoal. Se um dia tivermos liberdade, que escolhas faremos?, questiona o cineasta em meio à crise que logo em seguida culminaria na queda do regime totalitário no Leste Europeu. Ambientadas num conjunto habitacional com suas moradias padronizadas, as histórias de Decálogo são sobre pessoas comuns diante de situações que podem ocorrer com qualquer um de nós. Três décadas depois, o mundo se tornou outro, os indivíduos conquistaram patamares de conforto e de autonomia bastante avançados, mas as perguntas do "Decálogo" continuam afiadas e prontas para incomodar." (Cassio Starling Carlos))
1988 Palma de Cannes - DirectorKrzysztof KieslowskiStarsGrazyna SzapolowskaOlaf LubaszenkoStefania IwinskaA naive inexperienced young man spies on a woman who lives across the courtyard, and falls in love with her. He starts using tricks which he hopes will lead to them meeting.
- DirectorBaz LuhrmannStarsLeonardo DiCaprioClaire DanesJohn LeguizamoShakespeare's famous play is updated to the hip modern suburb of Verona still retaining its original dialogue.69*1997 Oscar / 1996 Urso de Ouro
- DirectorJames CameronStarsArnold SchwarzeneggerLinda HamiltonMichael BiehnA human soldier is sent from 2029 to 1984 to stop an almost indestructible cyborg killing machine, sent from the same year, which has been programmed to execute a young woman whose unborn son is the key to humanity's future salvation."Uma obra-prima. Com recursos limitados e uma grande ideia, James Cameron fez um fenomenal filme de ação. Arnold está perfeito como o Exterminador e a química entre Linda Hamilton e Michael Biehn é ótima. Pena que hoje os efeitos especiais estejam datados." (Welinton Vicente)
"Mais interessante para os saudosistas da década de 80, já que a história e, principalmente, os efeitos especiais, já não mais impressionam. Ainda assim, um filme de ação/ficção científica ousado e bastante relevante para a história do cinema." (Rodrigo Torres de Souza)
"É estranho, hoje, rever "O Exterminador do Futuro", com todas as suas ressonâncias bíblicas. Estávamos em 1984 e, naquele tempo, Deus estava morto. De maneira que a intriga em torno de um messias destinado a salvar-nos de um futuro negro parecia quase um pretexto. De lá para cá, Deus ressuscitou e virou moda. Está no Oriente Médio, entre judeus e muçulmanos, está no Brasil, entre crentes e católicos. Está com Bin Laden, sabe Deus onde, e controla os EUA, pelas mãos de Bush. Deus move as mãos que matam e, ao mesmo tempo, aquelas que proíbem todo e qualquer aborto. Tornou-se, enfim, todo poderoso. Talvez, então, deva-se pensar que o futuro está garantido? Ou será que o homem perdeu a batalha da existência?" (* Inácio Araujo *)
Top 250#174 - DirectorSam RaimiStarsBruce CampbellEllen SandweissRichard DeManincorFive friends travel to a cabin in the woods, where they unknowingly release flesh-possessing demons."Uma loucura sem tamanho. Talvez seja a melhor definição para esse jogo tão visceral e alucinante desenvolvido por um Sam Raimi em começo de carreira. Estroina como poucos, este filme aqui é uma obra-prima da escrotidão e da liberdade de criação." (David Campos)
- DirectorSean S. CunninghamStarsBetsy PalmerAdrienne KingJeannine TaylorA group of teenage camp counselors attempt to re-open an abandoned summer camp with a tragic past, but they are stalked by a mysterious, relentless killer."Dá para o gasto. É triste ver como uma franquia acaba matando boas idéias. Mas também é irônico perceber que o único filme da série acima do medíocre é o que não tem o Jason..." (Bernardo D I Brum)